terça-feira, 28 de dezembro de 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Existe um tipo de amor que faz com que a gente volte a acreditar que amor existe, que é de verdade, que

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sim, eu tenho ainda o que escrever. Sim, me dói não escrever, me dói passear por essas palavras e não me ver. Sinto a ausência de mim em mim mesma. Nem sei bem por onde estive, ou estou. Passeio por essas páginas procurando alguma resposta, procurando pistas, como quem procura um mapa do tesouro, procuro pistas entre as palavras. Algo que possa me dar a resposta que preciso. Me lembro quando um amigo me disse: para saber o caminho, a resposta, procure o que é genuinamente seu. E não há nada mais genuino do que as palavras que estão aqui e mesmo assim, eu acabei ficando longe delas...

domingo, 7 de novembro de 2010

"Foi bom ter descoberto esse amor, estava faltando em mim, meio ao mundo louco."


um dia, a gente finalmente entende ...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Palavras que NÃO escrevo.

Não, não me venha falar em silêncios. E, por favor, não me venha falar em escolhas. Mais do que palavras que eu não digo, existem as palavras que não escrevo. Porque escrever é. Não, não é verdade que escolhi um número, não, não é verdade que eu concordo com desatinos. Mas é verdade que o que está feito, está. E isso, por enquanto, está. Não acho que isso nos servirá, muito ao contrário, nos (des)servirá, porque, sim, muda aqui dentro. Sim, muda o que sinto. Não, não consigo achar que isso é bom. Me desculpe, eu sei que eu disse, mas eu disse tantas coisas que você não concordou, porque concordou logo com o que eu não queria dizer?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Palavras que escrevo.

Temos nossos segredos, códigos, entrelinhas. Mensagens subliminares. Eu digo, você ouve. Você diz, eu sinto. Sinto porque é isso que as palavras fazem comigo. Por isso sou das palavras. Entende? Eu sinto o que é dito. Sinto dentro de mim. Esse é o poder que as palavras têm. Sou essencialmente sensorial quando se trata do que é dito. O maracuja do bosque, a cereja da rua, a pera do estacionamento, muito mais do que cores, cheiros, gostos, são palavras para mim. Palavras que contam uma história, que contam a nossa história. Talvez seja isso, só agora percebo, só agora entendo. Naquele dia, aquele do vestido branco, sabe? Não vou dizer onde, não vou dizer o que, mas você sabe. Aquele dia que você me pediu: escreva sobre isso. Eu escrevi, e continuo escrevendo...Acho que é isso que me salva, nos salva. Amém.

domingo, 17 de outubro de 2010

Vingança

A semana foi dificil, o mês e quase o ano. Ela estava cheia de pensamentos desafiadores, pareciam ter vida própria, não dependiam dela para assombra-la, mas nela habitavam. Pensamentos são como parasitas. Nunca ninguém viu um pensamento flutuando por ai, ou viu? Eles dependem de alguém para pensa-los. E esse simples pensamento deu a ela a força necessária para parar de pensar. Essa seria sua vingança. Fez silêncio. Os pensamentos estavam alarmados. Foram aniquilados sem dó.

sábado, 16 de outubro de 2010

E quem me resgatará?

Gosto de ficar sozinha. Gosto de fazer coisas sozinha. Não sinto solidão, há muito tempo conquistei minha solitude e com ela me dou muito bem.
Sentei para almoçar depois de assistir Comer, Rezar e Amar. Na minha bolsa um lápis, na minha frente um papel e dentro de mim muitas palavras querendo sair.
Percebi que não é o que se faz, mas como se faz. Eu estava fazendo do jeito certo.
Eu entendi, naquela fração de segundo, eu entendi.
E entender dá conforto, além de fé.

Vi os mineiros do Chile sendo resgatados com olhos marejados e pensei: Quem me resgatará?
Agora sei a resposta.
Eu mesma!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Carta para bem perto, mesmo que não.

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Faz frio, choveu. E a chuva, apesar de boa, dói. Provando que nem sempre o que dói é ruim, mas é também. Sim, estou confusa. Confusa como os pensamentos que insistem em povoar meu ser. Penso em fragmentos, e alguns pensamentos mais ousados me tiram o fôlego e me fazem perder o foco. Mas ai eu sinto os pingos. Não sei ainda se essa viagem foi uma boa ideia, você partiu, eu parti, o que ficou? Eu sei que tínhamos um acordo, mas não posso cumpri-lo, simplesmente, não posso. Porque viola o que há de mais verdadeiro no que sou. E da verdade eu não posso abir mão. Não em você. Queria só que você soubesse, não vou me ater a fatos, mas queria que você soubesse que aqui, onde bate, ainda dói. Mas não é uma dor ruim, não é, porque chove. Eu sei, não faz sentido, mas mesmo assim eu queria dizer, sem fazer mesmo. Porque é. Não faz. Queria ficar perto, mesmo partindo, mas sei que estou, porque vivo ai. Sente? Sente que só respiro quando seu ar chega até nós. Sente? Sente o ritmo que bate meu coração? Sente quando bate descompassado, sente? Não, acho que não pode a distância, porque não há. Eu sei, talvez não possa me ler, porque são as palavras que dizem, não eu. É, eu não sei também, mas pode.
Fique bem, eu sei que ficaremos.
sua
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domingo, 3 de outubro de 2010

A vida continua e o amor também...

Dizem que a vida sempre dá um jeito de continuar. Acho que com o amor é assim também, ele sempre dá um jeito. Escolhe outro caminho. Dribla a marcação. Debocha dos que (insanos) resolvem que há outra coisa a fazer antes do amor. O amor ri, e dá um jeitinho de prevalecer. Gestos, palavras, num dia de cada vez, e mesmo assim, ou por isso, o amor ainda está lá. Como a única lucidez possível em meio a vida, que sempre dá um jeito de continuar...

sábado, 2 de outubro de 2010

Quase um dia...
Um dia de cada vez.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

De novo, o sentido.

Ela passou o fim de semana imersa em um céu profundamente nublado, mas acordou com o sol brilhando. Prova de que aquela máxima que o sol sempre está lá, é verdadeira. Mesmo quando a gente não vê, o sol está lá. Ela sorria satisfeita por perceber que esses dias de sombra ajudaram-na a ver. Como naquelas experiências de quase-morte que a pessoa vê a si mesma de outra perspectiva. Analisando melhor, ela sabia que tinha morrido um pouco nos últimos dias, foi uma experiência de umpouco-morte. Ela se viu por outros olhos, olhos claros de clareza. Subitamente entendeu. E até a tristeza fez sentido, porque fazia parte do que entendia. E tudo o que sentia fez sentido, porque eram olhos novos de se ver. E o sentido fez sentido, porque agora ela sabia. A magoa não existia mais, nem as dúvidas pairavam no ar. Ela percebeu que andava perdida, passou um tempo andando sem direção. Mas não foi tempo perdido, foi o tempo necessário para andar perdida sem direção. As palavras brincavam com ela, porque eram mais que palavras, eram o sentido. Não mais perdido. Mas ali, bem na sua frente, fazendo sentido.

Olha Chico, o que será que me dá?

"O que será que me dáQue me bole por dentro,será que me dáQue brota à flor da pele, será que me dáE que me sobe às faces e me faz corarE que me salta aos olhos a me atraiçoarE que me aperta o peito e me faz confessarO que não tem mais jeito de dissimularE que nem é direito ninguém recusarE que me faz mendigo, me faz suplicarO que não tem medida, nem nunca teráO que não tem remédio, nem nunca teráO que não tem receitaO que será que seráQue dá dentro da gente e que não deviaQue desacata a gente, que é reveliaQue é feito uma aguardente que não saciaQue é feito estar doente de uma foliaQue nem dez mandamentos vão conciliarNem todos os unguentos vão aliviarNem todos os quebrantos, toda alquimiaQue nem todos os santos, será que seráO que não tem descanso, nem nunca teráO que não tem cansaço, nem nunca teráO que não tem limiteO que será que me dáQue me queima por dentro, será que me dáQue me perturba o sono, será que me dáQue todos os tremores que vêm agitarQue todos os ardores me vêm atiçarQue todos os suores me vêm encharcarQue todos os meus órgãos estão a clamarE uma aflição medonha me faz implorarO que não tem vergonha, nem nunca teráO que não tem governo, nem nunca teráO que não tem juízo..."

olha de novo!

sábado, 25 de setembro de 2010

Perguntas que não sei responder.

Será que conhecemos realmente uma pessoa? Ou só pedaços de pessoas? Será que para conhecer realmente alguém precisamos saber todos os seus segredos? São os segredos guardados, omitidos, não ditos que fazem o que somos ou são as verdades escancaradas, ditas e gritadas que mostram o que somos? Somos pessoas em pedaços? Somos pedaços de pessoas? Fico pensando se conheço alguém de verdade mesmo nesse mundo.
Às vezes, acho que não.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A morte

Tenho pensando na morte. O lado finito da vida. Assunto que ninguém gosta de falar. Afinal, só os outros morrem. A gente não. Mas, enfim, tenho pensado na morte. Não na minha, lógico (só os outros morrem...), mas tenho pensado em quem pode morrer. E só de pensar que todo mundo que eu amo pode morrer já me dá uma vontade de morrer antes. Assim vou logo saber como é o outro lado. Eu acredito no outro lado. Aliás, acredito em todo os lados. Não sou egocêntrica a ponto de achar que só existe o meu lado. Mas, voltando ao assunto do post, a morte. Tenho pensando na morte. Li um livro, vi um filme, conversei, sonhei e a morte estava presente. Não, não tenho medo de falar dela, mas confesso que esse pensamento recorrente tem me deixado encanada. Por isso resolvi escrever, as vezes quando eu escrevo exorcizo o assunto.

sábado, 4 de setembro de 2010

Lágrimas

Ainda não, as lágrimas teriam que esperam mais. O telefone tocou, a porta bateu, o cachorro latiu, alguém chegou, o filho perguntou e as lágrimas foram adiadas mais um pouco. Quando eu estiver sozinha, ela pensou. E a vida seguia acontecendo.
Almoço servido, dentes escovados, filho na escola. Sozinha no carro. Agora! Alguém buzinou, a música tocou. O sinal abriu. O mundo andou. Choro foi de novo adiado. Mais tarde.
Estacionou no trabalho, sorriu para todos. Respondeu e-mails, abriu planilhas. Terminou o planejamento, fez uma reunião. Sorriu mais um pouco. Fechou o computador. Pegou a bolsa, deu o último sorriso e foi.
Entrou no carro, colocou óculos escuros, desligou o rádio. Desligou o celular. O sinal fechou. Ninguém buzinou. O guarda não multou e finalmente ela chorou.
Chorou sozinha, dentro do seu carro, sem música, sem testemunhas, parada na esquina.
O sinal abriu, alguém buzinou, o mundo voltou, ela chorou mais um pouco, mas no fundo, sorria.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

"Se fosse só sentir saudade
Mas tem sempre algo mais
Seja como for
É uma dor que dói no peito"

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A sabedoria que vem do coração.

"Amo como ama o amor.
Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar.
Que queres que te diga, além de que te amo,
se o que quero dizer-te é que te amo?"

Fernando Pessoa

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

E fim. O fim do começo.

Todo fim é como um começo. Acaba-se para começar. É a tal da Roda da Vida que nunca tem fim. Então, o fim é o recomeçar. Fazer de novo. Abrir a porta depois da ventania. É manter a janela aberta, mesmo sem conseguir ver a paisagem lá de fora por causa dos olhos inundados. Você me devolve objetos que eu não quero. Eu devolvo, sem querer, objetos que você quer. Você me devolve muito mais do que eu sou capaz de entender. Não, não estou deixando as coisas mais difíceis, só estou falando ... falando para buscar o sentido, escrevendo para entender. Porque é isso o que eu sou, é isso que sei fazer... sou uma pessoa das palavras.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A vida é o que acontece fora ou dentro dela?

... e ela disse: - tem a vida lá fora.

Foram dias difíceis, 10 dias. E ali, nos braços dele, os dias difíceis pareciam tão distantes. Todo o discurso pensado, ensaiado, mil vezes repetido para si mesma, simplesmente deixava de fazer sentido. As palavras que doíam nela, deixaram de doer, porque não seriam mais ditas. Porque aquilo, eles dois, fazia sentido, o oposto não. E ela estava de olhos fechados, sentindo seu cheiro, que tinha o poder de despertar nela sensações. Cada célula do seu corpo respondia a ele. E os pensamentos corriam soltos dentro dela. Pensamentos e sensações. Sensações no seu corpo. O toque de seus dedos era capaz de apagar dias difíceis. Ele a desvendara. Já sabia como percorrer seu corpo, já conhecia o caminho. E ela de olhos fechados, ria. Quando estava na boca dele, não era só seu corpo que ele tocava, era sua alma. Ele conhecia seu gosto, seu cheiro e conhecia sua alma, que nua se exibia. E tudo isso de corpo, alma, sensações, palavras não ditas, boca, abraços, poderes, caminhos ... faziam com que ela perdesse a noção do tempo, do espaço, do ser limitado.
Ela, em seus braços, era a vida que acontecia dentro. E só.
A vida.

e ela disse: - mas tem a vida que vive intensamente aqui dentro quando estou com você.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Pedido

Queria um dia escrever assim...

Amor da minha vida,
Me guarde
Aguarde
Por mim.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Dentro dela, onde o tempo e o espaço eram relativos.

Ela sabia que não havia distância, que o tempo era algo relativo. Lá, dentro dela, onde eles habitavam, o tempo, o espaço e o amor tinham uma medida diferente. Eles não contavam os dias pelo calendário e nem as horas pelo relógio. A medida para eles era outra. E só por saber disso é que a distância era possível. Só eles sabiam, só eles entendiam. Eram diferentes, possuiam algo que ninguém mais tinha. Sabiam que o que importava era aquele tipo raro de amor. Que traz a paz mesmo em meio a um vendaval. Que é porto seguro em meio ao mar revolto. Que o mais difícil eles fizeram, agora todo o resto parecia mais fácil, ou menos difícil. Ela confiava no que tinham. Porque o amor é um desafio. Amar de novo é sempre um desafio, até que um dia ... não precisa mais ser. E ela sabia, sentia ...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Sensato ou agradável?

Quando eu tinha 17 anos, alguém me disse que às vezes é necessário trocar o agradável pelo sensato. Na época me pareceu maduro. Acho que segui esse conselho algumas vezes na minha vida. Mas, ao repetir essa frase para mim mesma dias desses, fiquei pensando: trocar o agradável pelo sensato não é lá coisa muito sensata a ser feita. Aliás, sensato é um conceito que sempre me escapa. Talvez, sensato seja o oposto de razoável. Sensato seria escolher a vida.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sabedoria que vem da infância

"O anel que tu me destes,
era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas,
era pouco e se acabou."

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Em braile for you.

Eu quero explicar, explicar para que eu mesma possa entender. Porque as vezes as palavras ajudam, mas às vezes, só o corpo fala. Meu corpo fala, grita, pede, diz, implora. Eu sei que você ouve. Cada célula do meu corpo fala e cada célula do seu corpo responde. E eu me sinto viva como há tempos não me sentia. Sinto que sou mais que obrigações, tarefas, responsabilidades. Sou um corpo que sente. Tenho vida em mim, vida que você desperta. A consciência de que sou, traz sensações bem específicas, a respiração acelera, o coração bate descompassado, tudo treme, tudo se agita. E eu não consigo sair de perto do que me desperta tudo isso. Me faço em letras, todo meu corpo, para que você possa me ler. Códigos em braile. Você cegamente me toca e me desvenda.

domingo, 20 de junho de 2010

Justifique a vida ...

São muitas as pessoas que me habitam. Tem uma que é boazinha, acredita, tem fé nas pessoas, é ingênua. Não fala palavrão, não maldiz a vida, nunca é irônica. Só diz a verdade.
Tem uma outra que diz verdades brincando, não é tão boa, mas não é má. Tem um pouco de fé e muito desconfiança. Acredita, desacreditando. Maldiz pedindo perdão à vida. Grita abafado. Engole lágrimas.
Mas há ainda, dentro de mim, uma outra, que questiona, que não aceita, que grita palavrões com Deus. Puta que pariu tá pensando o quê? Que não se conforma, que diz o que pensa, que não pensa quando diz. Que ferre sem remorso. Não sente culpa, nem dó, nem dor. Que busca desesperadamente um sentido em tudo isso. Um sentido em acordar de manhã, em abrir os olhos, em viver essa vida ...

"Será que existe alguém, ou algum motivo importante, que justifique a vida ou pelo menos esse instante??"

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O Amor está no Ar.

Não sou ligada em datas de varejo, como dia das mães, dias dos pais etc. E como não sou ligada acabo não festejando (nem sendo festejada) como deveria.
No último dia das mães percebi que isso não era uma coisa boa, nem para mim, nem para minha mãe e muito menos para meu filho.
Agora com a aproximação do Dia dos Namorados me peguei pensando no assunto. Apesar de ser um data comercial, o amor está no ar. E promover o amor é sempre bom. Faz bem. Deixa o mundo mais bonito. Faz as pessoas desejarem o amor. Faz as pessoas festejarem o amor. E se tem amor, tá valendo.
Por isso ontem quando vi isso lá no Amor de Papelão - que é um blog lindo que promove o amor o ano todo - achei que era uma forma de fazer as pazes com as datas de varejo.
Eu vou mandar um recadinho, mande você também. Amar vale a pena, dizer que ama, mais ainda.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Palavras borboletas

Eu olho pra dentro
E vejo palavras voando como borboletas
Elas não voam até mim
Elas voam em mim
Tenho palavras dentro
Mas nenhuma fora.

sábado, 5 de junho de 2010

Saudade

"Saudade é um pouco como fome, só passa quando se come a presença"
Clarice Lispector

Tenho fome...

domingo, 30 de maio de 2010

No espaço mais sagrado que há.

Aquele espaço era sagrado para ela. Para ele qualquer espaço que compartilhassem palavras poderia ser considerado sagrado. Andavam por tantos espaços sagrados ultimamente, no meio das árvores, das lojas, das poltronas, das mesas, do edredon, ou ali, no meio dos livros.
Assim que ele chegou a atmosfera mudou. Era bom saber que ele estava ao alcance do seus olhos, das suas mãos. Ele sentou ao lado dela, ela sentiu seu cheiro. Era confortável, como estar em casa, seu cheiro tinha o poder de fazê-la sentir em casa, mesmo ali, naquele espaço sagrado.
Ela lia, ele escrevia. Ela espiava e sorria para ele. Ele sorria para ela. E a tarde nublada ganhou sol. Ela se levantou, ele foi atrás, nada disseram. As bocas se encontraram. E o beijo no meio dos livros teve um gosto especial. Gosto de palavras compartilhadas. Gosto de paz selada. Gosto de quero mais. Muito mais.

sábado, 29 de maio de 2010

Onde tudo começou e onde uma história ainda é contada.

Ele relia suas próprias palavras.
Palavras que não eram mais dele, agora eram dela. Ele disse que nunca fazia esse tipo de coisa, mas com ela foi diferente. Tudo começou com um convite, um convite para cinema. Ela disse que não poderia aceitar, não habitavam o mesmo mundo. Era verdade. Ele ficou interessado e insistiu, queria entender aquele enigma. Ela deu pistas, decifra-me ou terei que devorá-lo. Ela ainda não o devorou, mesmo não tendo sido decifrada. E muitas palavras foram ditas, cada vez mais próximos, cada vez mais perto. Ela contou segredos que não costumava contar a ninguém. E não sabe explicar por que fez. Ela também não fazia esse tipo de coisa. Mas fez, com ele fez. E as palavras não bastaram, as palavras eram apenas o caminho. Ela desceu as escadas, ele a viu. O coração batia dos dois lados. Isso também não foi suficiente. Ela aceitou o convite, foram ao cinema. O coração bateu, as mãos se tocaram. Mas isso também já não bastava, precisavam de mais, mais dele, nela, mais dela, nele. Beijaram-se. Beijo bom aquele. Desse dia ela se lembra da forma como foi vista, como seus olhos decifravam ela. Precisavam de mais. Mais de cada um. E as palavras, sempre as palavras, mais as bocas, abraços, línguas, cheiros, gostos, carinhos, olhares, trocas, livros, juras, encontros, corredores, árvores, contos. Tudo isso ao mesmo tempo, e quando menos se esperava, havia ali uma história de amor.
Uma história que eles contavam, com suas próprias palavras ...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Do onírico ao que chama. E eu vou.

Acordei as 4 horas da manhã. Parecia que alguém me chamava. Acordei olhando para o lado, não tinha ninguém. Isso já havia acontecido uma vez, há muito tempo. É uma sensação estranha, porque eu sei que não foi um sonho, a voz não vinha de dentro de mim, vinha de fora, eu ouvi alguém me chamando mesmo. Era uma voz de homem. Na primeira vez eu tive medo, dessa vez não. Acordei tranquila, só olhei para o lado procurando por quem me chamava. Logo entendi e respondi bem baixinho, já vou. E fui.

sábado, 22 de maio de 2010

Isso de buscar respostas, isso de tentar entender o sentido. Isso de achar de precisa saber de tudo antes de. Isso de achar que o próximo passo é definitivo. Isso de não fazer, não achar, não buscar, não atravessar, não dizer... Isso, já está demais.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Aos bons amigos - Parte 2.

Ela perguntou, ele respondeu. Ele respondeu de verdade, palavras vindas lá de dentro, sem pensar. Ele falava e ela sentia. As palavras tocavam porções bem esquecidas dentro dela. Ela não julgou o que ele dizia, só sentiu. Sentiu a verdade em cada pausa, na escolha de cada palavra. Perversidade. Mesquinharia. Egoísmo e Preguiça. Palavras que poderiam ter uma conotação ruim, mas que não tiveram, talvez por que fizessem sentido. Ou pelo esforço em dizê-las em voz alta, em assumi-las, era a redenção. Ele se redimia, ela entendia e sentia. As palavras ficaram dentro dela.
.
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Hoje novas palavras juntaram-se àquelas. Novos sentidos para antigos padrões. Mais uma vez um amigo, outro amigo, mais uma vez palavras ruins ditas pela boca mais gostosa do mundo. E de novo, ela estava repleta de palavras ... entendia e sentia ...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Aos bons amigos - Parte 1



Alma diz: tudo que ele escreve pra mim no msn ele coloca uns rsrsrsrs. coisa mais besta e chata do caramba.
Clarice diz: eu vi, hahaha - mas acho que é nervoso
Alma diz: acho que no dia seguinte a gente conversou de novo
Clarice diz: o que vc vai fazer hoje a noite?
Alma diz: vc vai me propor alguma coisa???
vai? vai? vai? vai? vai? vai? vai? vai? vai? vai? vai? vai?
Clarice diz: rsrsrssrsrsrs - igual o moço
Alma diz: hahahahahahaah
Clarice diz: vou vou vou vou vou vou vou
Alma diz: sério, ele é tão bobo. fico meio irritada com tanta bobeira.. eu queria que ele fosse diferente..
Clarice diz: e a gente não tá muito atrás, né? o que vc vai fazer, cacete?
Alma diz: mas o nosso bobo é um bobo legal. eu tenho aula de dança. mas dependendo do que vc me propuser eu repenso. tô muito bored hj..
Clarice diz: aaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhh! ia te propor um vinho
Alma diz: ficou bonito isso na minha tela
Alma diz: só não pode ser bubbles.. que tô meio ainda.. asssim.
Clarice diz: não, queria um vinho tinto, corpo médio, tanino redondo, cor rubi, notas frutadas
Alma diz: pareceu bom. apesar do corpo médio. e das notas frutadas.
Clarice diz: é, vamos ter que procurar um assim na carta de vinho.
Alma diz: eu já sou mais chegada num cara grande... encorpado.. meio ogro..
Clarice diz: um vinho leve, descompromissado, para um papo denso e bem compromissado
Alma diz: se bem que depois do último eu andei repensando essa coisa de ogro



(bebemos o vinho, falamos sobre a vida, depois bebemos o vinho e falamos sobre os ogros que já não eram tão ogros assim. Bebemos os ogros e brindamos o vinho!)



Fim

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Menina, engula esse choro.

Acho que aprendi tão bem a engolir lágrimas que agora não sei mais fazer diferente. Mas fico me perguntando: Será que engolir lágrimas não dá indigestão? Acho que dá é inundação. Estou inundada.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

As palavras que ela lia sem querer.

Ela lia palavras que não queria ler. Ela lia, relia e as letras insistiam em dançar. As palavras não faziam sentido. Seus olhos se inundaram e as palavras fizeram menos sentido debaixo d'água. E subitamente tudo parou dentro dela. Por um segundo tudo ficou suspenso, como se o mundo lá fora não existisse mais. Seu coração não bateu nesse segundo que durou uma eternidade, nem o ar entrou ... ela respirava dentro d'água, de olhos abertos.
As palavras nadavam ao seu redor. Três palavras peixes. Três peixes palavras.
NÃO. VOU. MAIS.
NÃO. VOU. MAIS.
Era tudo o que ela via, porque não sentia, estar debaixo dágua era bom, o mundo visto dali parecia tão mais fácil e infinitamente mais silencioso.
Mas o coração voltou a bater, o ar entrou e as palavras-peixes se foram quando ela limpou os olhos inundados. A vida retornou a ela, mas ela não era a mesma.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

El segreto de sus ojos... e outros segredos.

Eu tenho um amigo que fala comigo através de filmes. Ele assiste, lembra de mim e me recomenda. Ele é sempre sucinto, diz: Você tem que assistir esse filme.
Eu sempre assisto, gosto das sugestões dele. Ele, esse amigo, é uma das pessoas que mais me conhece no mundo. Então, eu assisto. Mas, depois de assistir fico pensando ... O que será que eu deveria ver? Será que eu vi? Ontem assisti El segreto de sus ojos. É um grande filme, mas ele não me recomendou por ser um bom filme, recomendou? Uma voz dentro de mim diz que sim, ele recomendou. Afinal, eu já tentei falar com ele sobre isso e ele não quis, não falou, muitas vezes me ignorou... então nem sei o que pensar ... da próxima vez, no próximo filme, vou só assistir, sem pensar em nada, talvez assim eu consiga entender...

...............

Eu mandei esse e-mail para ele, brincando ... e ele (inédito!) respondeu. E agora? Eu falo o quê??? Estou pensando em um filme como resposta. Já que alguns monstros acordaram com fome indico Onde Vivem os Monstros. Já falei sobre o filme aqui. http://claricenajanela.blogspot.com/2010/02/os-monstros-e-eu.html

terça-feira, 27 de abril de 2010

Hoje me falaram que eu só penso em sexo.

Escrever para mim é uma necessidade, é como respirar, não dá para ficar sem. Mas é também um desafio, ser lida é um desafio, foi preciso coragem para criar esse blog sabendo que outros olhos iriam me ler. Já escrevi, coloquei um post no ar e minutos depois tirei... ataque de superego.
Hoje tive uma surpresa. Um amigo que me lê disse que se ele não me conhecesse acharia que eu só penso em sexo.
Veja bem, amigo. Lógico que eu penso em sexo, e você me conhecendo sabe que eu sou uma pessoa normal, que pensa em sexo como qualquer outra pessoa normal. Somos adultos normais, pensamos, praticamos, desejamos, a única diferença é que eu escrevo. Não de sexo, mas de sensações. Me faço em palavras quando escrevo.
Dentro desse contexto tenho uma confissão a fazer, quando eu escrevo estou nua, nua de mim mesma. Aqui, na minha janela, posso ser o que eu quiser ser e para isso preciso me despir da outra, da que vive no mundo real, entende?
Então, veja a situação em que me encontro: nua, escrevendo, enquanto penso em sexo. Não, não é verdade!! Eu tenho tentado escrever mais sensorialmente, o que é também um desafio, tentar transformar as palavras em sensações, queria que quem lesse pudesse sentir o que eu sinto. Os últimos posts foram assim ... sensoriais. Queria despertar os sentidos, os meus, os seus, os nossos, os do meu amigo acho que eu consegui.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Confissões dela na janela.

"Cara, que vontade louca de você, bem aqui, bem agora, bem em mim. De onde vem isso? Sinto, assim de repente, vontade de você. Vontade do seu cheiro, seu gosto, sua boca. Sei que você sente também, sei que você me sente mesmo quando não estou em você. Tem esse lance meio louco entre nós, esse lance que a gente não explica, mas que sente. Sente no corpo, em sensações crescentes. Essa coisa meio doida que faz a gente roubar alguns minutos do dia para que nossas bocas possam falar as coisas que não falamos. Ai que vontade do seu calor me envolvendo, não só meu corpo, mas o resto que só você vê. Desejo por sentir sua boca percorrendo meu corpo, meu eu, aquele que só sua boca vê. Desejo de sentir suas mãos percorrendo meu ser, aquele que só você sabe onde habita. Queria seus olhos em mim, para me sentir vista. Para que eu existisse, assim, só para você, bem aqui, bem agora."

domingo, 11 de abril de 2010

Gosto de Chuva

Nesses últimos dias passaram-se anos. Tanto tempo se passou desde quarta-feira. Li um livro, vi um filme, escrevi um conto, descobri um caminho, percorri um corpo, vislumbrei uma alma, vivi um amor. Chorei lágrimas profundas, sorri um sorriso raso. Fechei os olhos, bebi vinho, derramei vinho, fui vinho. Senti seu gosto, me dei de presente, deixei que me bebesse entre goles de vinho derramado. Você bebeu minha boca e me disse que tinha gosto de chuva. Sorrio ao lembrar da sua resposta. Temos sim, gosto de chuva.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Um Grito

Eu falando e você me olhando em silêncio. Eu falando um monte de absurdos e você ainda me olhando em silêncio. Eu ainda falando e você me olhando e quando você me olha essas coisas que eu estava falando vão aos poucos perdendo o sentido.
E o que eu queria é que você ocupasse minha boca com a sua, ocupasse seus olhos com os meus, ocupasse o espaço entre nós com sua presença. Queria que você calasse minha boca com sua respiração, que você respirasse meu ar, me retendo ai dentro, no mesmo lugar onde tenho habitado, onde me sinto em casa, no sentido mais lar da palavra. Você já sabia quando eu disse.
Como você já sabia de tantas coisas antes de eu dizer. E eu não queria estar certa, não queria que esse tipo de certeza prevalecesse entre nós, porque não somos feitos da mesma matéria dessas certezas mundanas.
O que é certo, o que é errado? Depende de quem vê, depende do que vê. Seus olhos viam a mim. E eu sei, mesmo sem dizer, que você me via, além de mim, do mesmo jeito que você já meu viu tantas vezes, desde a primeira, lembra?
E a gente finge que algumas palavras nunca foram ditas, pra poder roubar um pouco mais de tempo, para esticar ao máximo a presença, o estar junto. Para que a despedida nunca seja longa, para que a gente só diga até amanhã. Mesmo a gente sabendo, a gente sempre sabe... E seu silêncio me disse tanto e eu tive vontade de gritar. Gritar para você voltar pra perto, para ficar comigo ... mas você já estava tão longe ... e eu estava na chuva.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Existe amor que é demais?

Eles se olharam. Aquele olhar parecia conter palavras não ditas, palavras que não precisavam ser ditas. Bastava um abraço, bastava respirar o mesmo ar, bastava a presença dele, nela. E o corpo já não podia com tanto sentir, milhões de células sentindo e mesmo assim, dividido, era muito.
Uma vez ele disse que a alma precisava dos seus corpos para falar. E era isso, ela sentia que seu corpo traduzia literalmente o que ia pela alma. E todo aquele sentir causava assombramento, tirava o chão, mudava as perspectivas. Dava medo, tesão, fome. Invertia valores, prioridades, necessidades. Tirava o ar, fazia o coração bater descompassado...
Existe amor que é demais? Não, amor nunca é demais. Nunca.

terça-feira, 30 de março de 2010

Uma vez você me disse que nossos corpos expressavam o que nossas almas queria dizer. Eu entendi que só mesmo nossos corpos poderiam traduzir tão literalmente o que nossas almas queriam dizer.

sábado, 27 de março de 2010

Boa notícia!

Consulta anual só para garantir que tudo continua bem.
Final da consulta, meu médico preferido diz:
- Você está ótima, meu bem!

(tive que dar um beijo no doutor!)

sexta-feira, 26 de março de 2010

Será que escrevendo passa?

Ela precisava fazer alguma coisa, qualquer ação ... isso estava tomando tanto espaço dentro dela que alguma coisa precisava ser feita. Era um movimento crescente e vinha em ondas. Ondas cada vez maiores, ondas cada vez mais frequentes. Ela mal podia respirar entre uma e outra, estava se acostumando a viver sem ar. Isso é possível? Não, ela sabia que não era. Ela aprendeu a respirar seu ar, retendo nela, ele. Mas isso também já não bastava.
E o amor?
Isso tem que bastar, ela repetia para si e para os outros.
Como chegamos aqui? O que nos trouxe?
Ela ria ao olhar pra trás, sabia a resposta.
Eles se olharam, e todo o sentimento transbordou. Era maior que eles, que seus copos

terça-feira, 23 de março de 2010

Pergunta Importante

Quando o amor não basta, o que bastará?

Uma lista de vontades doidas ... com participação especial.

Um amigo ao ler a minha lista de vontades aqui, disse que havia se inspirado. Eu incentivei, escreva que eu posto. Ele escreveu.

1. Tocar violão até me acabar (com os dedos);
2. Ouvir Chico e Tom (a noite inteira);
3. Caminhar por uma trilha (muito linda);
4. Dirigir sem rumo (pra bem longe);
5. Ler um ótimo livro (muito grosso) sem parar;
6. Desligar o celular (por 1 mês);
7. Escrever o que vem na cabeça (até o que não presta);
8. Visitar todo mundo (que me importa);
9. Compor uma canção (de amor);
10. Cantar pra todo mundo ouvir (gritando e sem medo);

segunda-feira, 22 de março de 2010

Mesmo assim, mesmo querendo, mesmo precisando ...

Ela sempre tinha o que dizer, sempre. E quando não tinha, inventava. Adorava inventar histórias e defender pontos de vista que não eram os seus, só pelo prazer de defender alguma coisa. Mas lá dentro, onde ninguém via, onde ela não deixava ninguém se aproximar, havia silêncio. O seu próprio silêncio era sagrado. Só ela mesma sabia o que se passava por dentro. Não que ela não quisesse mostrar, simplesmente não conseguia. Foram anos e anos, vidas e vidas fazendo assim, agora não sabia como fazer diferente, mesmo querendo, mesmo precisando. Mesmo.

domingo, 21 de março de 2010

Veja bem, amor

Há tanto para sentir.
Há tanto para dizer.
Como é que pode não caber em si o que se sente?
Como sentir mais do que se tem espaço para guardar?
Veja bem, amor.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Uma lista de vontades doidas, absurdas, que não passam, que aumentam ...

1. Vontade doida de ir gritar lá fora
2. de tomar chuva
3. de brincar de faz de conta
4. de contar estrelas
5. de beijar na boca
6. de ganhar um abraço
7. de passear de mãos dadas
8. de me mudar para Pasárgada
9. de dizer bom dia, boa tarde, boa noite, amor.
10. de sumir, virar pó e ressurgir das cinzas
11. de correr na praia
12. de tomar sol
13. de não olhar para o relógio
14. de esquecer o tempo
15. de ir ali e não voltar mais.

terça-feira, 16 de março de 2010

PERGUNTA

Entende a dimensão caótica que tudo isso tomou dentro de mim?

sábado, 13 de março de 2010

O foco

Tive um chefe que ficava o tempo todo repetindo que não podemos perder o foco. Era de perder a paciência, além do foco. Quando a sugestão era uma pouco mais ousada ele dizia: Vamos focar!
Lógico que com o tempo a expressão virou motivo de risos. Muito tempo passou, alguns chefes, muitas situações sem foco. Até que esses dias me peguei discursando sobre manter o foco. Logo eu! Nada como um dia depois do outro, nada como a falta de foco para colocar as coisas nas perspectivas certas. Continuo rindo da falta de foco!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Ela ganhou um presente, era um presente tão especial que por semanas sorriu à toa, bem não tão à toa já que havia motivo para sorrir. Ela ganhou de presente um amor, que surgiu assim meio sem querer e cresceu dentro dela. Era um amor tão bom, tranquilo, fácil, que ela foi deixando ele ficar, e o amor ali, crescendo dentro dela, o terreno era fértil, as mãos hábeis, sabiam lidar com a semente, regar, cuidar, esperar. Nada foi brusco, porque havia delicadeza, gentileza e, sobretudo,

quinta-feira, 11 de março de 2010

Era muito, era tudo e era pouco ou quase nada, mas ela sabia.

Ela sabia que a sensatez era necessária, já havia falado sobre isso tantas vezes. Mas mesmo sabendo, não queria. E nesse momento o seu querer era o que ela tinha de mais genuíno, de mais verdadeiro, de mais fiel ao que ela era. Não era um simples querer, era maior que isso, mas mesmo assim, parecia tão pouco, visto da janela. Era muito, era tudo e era pouco ou quase nada, porque ela se sentia querendo sozinha. E mesmo na constatação de que queria sozinha ela ainda queria e não parecia pouco, porque não era.
Nos últimos meses, fez tantas perguntas: O que é isso que há? Como é que pode isso que há? Pode? Hoje amanheceu sem perguntas, já sabia as respostas. Mas estava sozinha, falava para si mesma, falava para não esquecer, para ficar registrado, mesmo que nunca fosse dito em voz alta. Ela sabia.

segunda-feira, 8 de março de 2010

O gosto, o mau gosto, a falta de gosto e um lugar para dar um grito.

Ontem eu estava em uma livraria. Livraria é um lugar quase sagrado para mim, gosto de me perder pelos corredores, fico folheando os livros, abrindo ao acaso suas páginas, perguntando o que eles tem para me dizer, falo bem baixinho com alguns, brinco com outros. Pra mim existe uma aura mágica nos lugares onde os livros moram, o mundo fica menos denso quando estou no meio das palavras.
Ontem eu estava curtindo a leveza (tão necessária a minha sanidade), quando ouço uma pessoa dizer: Eu não gosto do Garcia Marques, acho os livros dele muito chatos - ela estava segurando O Amor nos Tempos do Cólera.
Respirei fundo, contei até dez. Eu sei que as pessoas tem gostos diferentes, eu sei que leitura é algo muito pessoal... Mas, Meu Deus!! Como assim não gosta do Gabriel???????
Sai da livraria. Zanzei pelo shopping e acabei entrando em outra livraria, os livros sempre me chamam.
Estava eu de novo, bem tranquila, feliz até, no meio dos livros, quando ouço vó e neta conversando: - Vó, A Menina que Roubava Livros é bom? - Não, é horrível, eu tenho e não consegui ler. Dessa vez foi ainda mais difícil me segurar, eu quase disse: É maravilhoso, um livro lindo.
Fiquei com as palavras na ponta da língua, mas achei melhor engolir...
Eu sei ... sei que não devo me meter no papo dos outros, sei que livro é uma experiência pessoal, eu sei ... mas putaquepariu ... sai da livraria correndo procurando um lugar que eu pudesse dar um grito.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Para não esquecer.

"Toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para o humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.
Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: "Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas". Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.

( Paulo Mendes Campos, Para Maria da Graça, in Para gostar de ler, crônicas, São Paulo, Ática, 1979, v.4, p.73-76.)
Há dias que ela prestava atenção em si mesma, tentando entender. E há dias que ela não entendia nada. Não entendia, mas vivia, e viver era de uma intensidade tão grande que doía, não uma dor ruim, só uma dor. As tempestades aconteciam dentro dela, enquato aqui fora chovia uma chuva mansa.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Falar à alma ...

"De todo o amor que eu tenho
Metade foi tu que me deu
Salvando minh`alma da vida
Sorrindo e fazendo o meu eu
Se queres partir ir embora
Me olha da onde estiver
Que eu vou te mostrar que eu to pronta
Me colha madura do pé"

(poesia também salva, amém)

http://letras.terra.com.br/maria-gadu/1495932/

Coisas que salvam...

Hoje só tenho três coisas a dizer:
- ponstan, digesan e lexotan.
(e dá para ser na veia???)

quarta-feira, 3 de março de 2010

Não sei

Tenho falado demais, incapaz de conter as palavras. Talvez por já haver tanto dentro de mim. Talvez, não sei, por não querer mais contê-las. Tenho me exposto demais. E o mais estranho é que tenho me importado de menos. Tudo errado. Ou tudo extremamente certo. Não sei.

terça-feira, 2 de março de 2010

Um adendo importante nos mecanismos do ciúmes.

Alma, você tem toda razão, e o mundo também, como sempre. Basta eu dizer algo com muito absolutismo que vem o mundo (e você, minha alma) me mostrar o oposto. Li uma vez que a gente deve sempre colocar a data quando escreve uma opinião, para poder compará-la em um futuro próximo ou distante. Raul tinha razão ... prefiro ser uma metamorfose ambulante, do que ter a velha opinião formada sobre tudo. No meu caso, não tão velha ... mas, vou refazer minha sentença. Sinto ciúmes sim, tenho ciúmes doentio dos meus livros (mas se não me engano você está com três livros meus e estou lidando bem com isso, emprestei outros que nunca tinha emprestado antes, então acho que estou evoluindo, me desapegando ...).
Também sinto ciúmes de algumas pessoas, não é ciúmes possessivo como dos livros, mas é. Então devo mudar o que disse ontem, velha opinião formada, e finalizar com uma sentença menos absoluta: Eu sou ciumenta.

(de confiar nas pessoas não abro mão, eu acredito e ponto).

segunda-feira, 1 de março de 2010

De novo o motoboy das gentilezas, o mesmo daqui.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Os mecanismos do ciúmes.

Eu não sou ciumenta.
Parece uma sentença de um absolutismo mentiroso, mas não é. Já pensei muito sobre isso. Convivi com muita gente ciumenta, acompanhei de perto amigas ou amigos ciumentos ou que sofriam com o ciúmes alheio. Nunca consegui entender direito esse mecanismo, mas como as coisas do coração nem sempre fazem sentido, já não analiso por ai ... Tem gente que sente ciúmes e tem gente que não sente ciúmes. Ninguém é melhor ou pior por causa disso. Ponto.
Conviver com ciúmes me fez pensar no meu próprio mecanismo da falta de ciúmes, em um primeiro momento cogitei que tudo era uma questão de segurança ... Meio prepotente esse pensamento, que na verdade escondia uma verdade extremamente perigosa. Eu não sinto ciúmes porque confio nas pessoas. E quando eu cheguei a essa conclusão me senti tão ingênua... Eu confio mesmo, acredito no que as pessoas me dizem, acredito no que as pessoas sentem. Acredito, não duvido. Para o bem ou para o mal, acredito. Bobinha, né? Pode-se negar uma natureza para se adequar ao mundo lá fora????

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Na festinha de escola...salva!

Não gosto muito de festa de aniversário de coleguinha de escola do meu filho, acho desperdício de tempo e assunto, são três horas dedicadas a falar de professora da escola, uniforme da escola, lição da escola, diretora da escola, escola da escola ... não tenho paciência. As mães são até bacanas, mas por algum mistério escolhem sempre o mesmo assunto ... ontem estava exatamente igual, ainda mais que é começo de ano, a professora é nova ... escola, professora, escola, escola, escola, eu ali mega entediada, fazendo cara de lógico que eu concordo com você (tem hora que fico com preguiça de polemizar) - Como a professora pode colocar um carimbo de lindo em uma coisa que você acha que sua filha pode fazer melhor?? - a criança tem 5 anos e já não corresponde às expectativas da mãe. A outra, pobre, pobre criança, a mãe (louca, louca, louca!) está cortando as suas calorias, não deixa a menina comer nada de doce, nem no fim de semana e deu uma corda linda para ela passar as manhãs se exercitando. E eu no meio do antro, quase pedindo socorro ... Até que uma mãe disse assim: Ontem falei para meu marido sabe aquela época que a gente se amava? Ela disse assim mesmo ...aquela época que a gente se amava ... passei a prestar atenção nela e ri o resto na noite ... salva pela época em que ela amava o marido.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ser ou não ser (um chichê), eis a questão.

Ela não gostava de ocupar o lugar comum, não se julgava especial, só não gostava de estar, ser, sentir, viver como a média das pessoas. Não que a média fosse ruim, seria até bom estar na multidão, mas o fato é que ela não se encaixava lá. A verdade, então, é que ela, apesar de muitas vezes querer, não cabia no lugar comum. E por não caber teve que buscar caminhos alternativos e gostou deles. Era onde se sentia em casa, podia ser ela mesma. Passou tanto tempo buscando-se que agora, nesse exato momento, reduzir-se a um clichê seria uma heresia e, pior, algo dentro dela, que lhe era caro e precioso, morreria. Era impossível viver, ser fiel a ela mesma e ainda vestir a roupa do clichê. Mas sabia, e sabia disso tão profundamente que até dava um aperto no coração, que tudo seria muito mais fácil se ela se resolvesse pelo clichê ... Mas também sabia, e ria disso por saber, que nunca havia escolhido um caminho fácil.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Os Monstros e Eu!

Tenho pensado sobre a tristeza, não por estar triste, mas por ter contato com a tristeza, minha e dos outros. Esses dias me perguntaram se eu estava infeliz? Não - fui categórica - estou feliz. Como poderia não estar?
Mas ... sei que a tristeza me espreita, vejo seus grandes olhos me espiando pelas sombras. Todos esses sentimentos aumentaram em intensidade e extensão depois que vi "Onde Vivem os Monstros". O filme é lindo, de uma beleza sutil, quase nas entrelinhas, o deserto, as flores, as árvores, a tristeza doce e o amor dos monstros, ... Entendi muito mais sobre os monstros que me habitam, alguns doces, amigos, mas, ainda, monstros. No filme, há uma distinção entres os mordedores (só mordem, não devoram, o que é bom, entre eles) e os devoradores. Todos os meus monstros são mordedores, não me devoram, só mordem, dia e noite, noite e dia. Às vezes, bem de levinho, a mordida é quase um beijo, mordidinha de amor. Outros, os mais ferozes, dão grandes dentadas, doloridas ... Atualmente o meu pior monstro é o da fome, nós - eu e ele - andamos com fome, fome de coisas que nem sabíamos que existia, fome que não se sacia, fome que só faz aumentar. Não sei, sinto, que talvez pela primeira vez, me habitará um monstro devorador ... serei devorada ou devorarei???? Fome, meu Deus! Muita fome.


Trailer do filme, ai ai, lindo!
http://www.youtube.com/watch?v=AZlIvjXPav0

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O Encontro Marcado - 2

"... é que ainda não sei bem: ele tem olhos verdes? Se tivesse olhos verdes estava explicado."

" - Ia lhe dizer agora uma coisa muito importante. Mas é tão importante que prefiro não dizer. Só é sincero aquilo que não se diz.
- Então isso também não é sincero - sorriu ela.
- Também não. Só o silêncio é sincero.
...

... É preciso escutar o silêncio, não como surdo, mas como um cego! O silêncio das coisas tem um sentido. Quem não entende isso não entende nada."


O Encontro Marcado do Fernando Sabino continua falando comigo, e eu, em silêncio, escuto.


[ Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer. Italo Calvino]

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

apesar de

De repente se entende tudo, todo o mistério se revela. Um breve instante de clareza. Espaço-tempo de lucidez. Não a dita lucidez ordinária, cotidiana, banal. A mais doce e genuína forma de se ter lucidez. A lucidez do entendimento, da revelação, do encontro [quando a gente passa a entender]. E o mundo, as pessoas do mundo, os fatos do mundo, as letras do mundo e mundo do mundo passam a fazer sentido.
Por Um Breve e Profundo Momento.
Por um breve e transformador instante.
Tudo e nada fazem sentido.
E nesse espaço, se respira, apesar de.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Vou brincar lá fora...





(vou ali e volto depois que o carnaval se for)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O que é [Sur]Real?

a) O que eu vejo de olhos abertos? Ou o que vejo de olhos fechados?

b) O que seus olhos veem ou o que seus olhos dizem?

c) O seu gosto da minha boca ? Ou a sua boca na ponta do meu dedo?

d) A sensatez da ausência ou a [in]sensatez do encontro?

e) A chuva que eu tomei ou a chuva que te tomou?

f) A fome ou a falta dela?

g) O Pingo ou a Letra?

h) Todas as palavras ditas ou as não ditas?

i) Nenhuma das anteriores

(tem dias que até a realidade é relativa)

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Ah! Entendi!

"Foi bom ter descoberto esse amor, estava faltando em mim meio ao mundo louco."

escrevi isso em julho do ano passado, alguns meses depois finalmente entendi, não era um mantra, nem um ato falho, era um pedido.
Obrigada.

"Teu sagrado e tua besteira
Teu cuidado e tua maneira
De descordar da dor
De descobrir abrigo
Entre tanto amor
Entretanto a dúvida
A música que casou
Um certo surto que não veio
Há uma alma em mim,
Há uma calma que não condiz...
Com a nossa pressa!"

http://letras.terra.com.br/o-teatro-magico/1256100/


[vou brincar lá fora e já volto!]

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Carta a um Jovem Amigo

Querido,

Há tantas coisas que eu queria dizer... posso me ver em você, eu ontem, você amanhã. Mas acredito que você fará diferente, você é muito mais esperto do que eu era. Acho bonita a forma como você se joga no que acredita. Infelizmente, meu amigo, tudo tem um preço, inclusive as mais nobres escolhas, as mais nobres trocas. Sei que você acha que a grama onde piso é mais verde, não se esqueça: também paguei por ela.
Falando em pagar queria lembrá-lo de preservar o que lhe é caro, o que aparentemente não custa nada, pequenas concessões a longo prazo, custam muito. Se eu pudesse mandar uma carta para mim mesma na sua idade, com certeza deixaria muito claro o valor de cada coisa. Nessa caso não haveria alternativa, se não me ouvir.
Uma amizade baseada no que somos em essência é algo muito especial, por isso desconsidero aquele papo absurdo de expectativas, onde eu existo apenas em terceira pessoa. Fazia tanto tempo que eu não escrevia para você, é sempre bom, é sempre um resgate da pessoa que você me ajudou a ser. Não sei se eu já agradeci por isso, acho que sim, mas nunca agradecer é demais, né? Obrigada por ter insistido, foi por você insistir, foi por me escrever, foi bom saber que havia a pessoa do RG que hoje estamos aqui, eu e ela. Então, mais uma vez, obrigada.

sua,

C.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Aprendendo com quem sabe!



[Persuasivo, não?]

Borboleta.

"Em grego antigo, borboleta diz-se Psyché, ou seja, ALMA. Por sair do casulo ao nascer a borboleta é símbolo da alma imortal. Representa auto transformação, clareza mental, novas etapas e liberdade. Assim como a borboleta, que é irresistivelmente atraída pela luz, a alma também é pela verdade divina. Por isso, esse animal é símbolo da busca da verdade.

entendi .... agora está na pele.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Lá, onde faz sentido ...

Ela suspirou, o ar precisava entrar, às vezes, respirar era difícil. Só ela sabia o que acontecia por dentro, quando por fora havia uma calma complacente, não que dentro não houvesse. Mas era dentro que suas batalhas eram travadas: ela com ela mesma, com seus conceitos, com suas teorias, suas idiossincrasias, só para ela faziam sentido, e, nos dias mais quentes, nem para ela.
Era isso, ela estava ali, com ele, parecia tão fácil e era fácil, uma facilidade estranha porque não deveria ser, mas era. E havia também uma intimidade nova, como pessoas que se conheciam há tempos, ser ela era fácil, mas perigoso, porque havia tanto em jogo. Tentava não pensar, por isso suspirava. Tudo o que estava acontecendo com ela era de uma intensidade dolorida, mesmo a dor era boa.
Como se pode sentir saudade de algo que não se tem? Ela sentia. E por Deus, como ela andava sentido, tudo, de olhos fechados. Ontem, quando ficou muito difícil, e a facilidade a assustou, discretamente, fechou os olhos, e sentiu. E lá, onde sentir era fácil, tudo fez sentido, e nesse precioso e exato momento, como que adivinhando seus pensamentos, ele apertou mais forte sua mão.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Muito querer.

Eu queria ser disciplinada, usar meia calça e só sair maquiada. Eu queria ser vegetariana, andar descalça e usar bata. Eu queria aprender francês, italiano e javanês. Eu queria ler em braile, falar em libras e dançar tango. Eu queria ser sensata, usar franja e conhecer a França. Eu queria ter asas, escrever com pena e transar na sala. Eu queria escrever um conto, achar o ponto e indicar no mapa. Eu queria beijar na boca, brincar de louca e ficar rouca. Eu queria aplicar na bolsa, falar de futebol e entender de política internacional. Eu queria usar vestido sem calcinha, sentar de perna aberta e não perder a linha. Eu queria gozar à beça, dizer besteira e fazer a festa. Eu queria plantar baobás, escrever um romance e embalar uma criança. Eu queria não ter tantos quereres e sem querer ... eu queria ... adormecer.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Gentilezas 2

Eu ajudo duas instituições que atendem crianças.
Todo mês o mesmo motoboy vem buscar a doação. Hoje ele chegou, sorriu, me desejou feliz ano novo (- acho que não nos vimos ainda esse ano!), dei o dinheiro para ele e ele me deu os comprovantes.
Vi que ele me olhou com olhos que sorriam e disse:
- Se eu fosse seu pai te daria uma bronca agora.

[Fiz cara de oquequevocêdisse?]

- Porque você está descalça aqui fora.

Olhei para meus pés e ri.
carpir
que o mato tá grande, a grana curta e a dor intensa

Muito querer, quase sem querer.

Eu queria ser disciplinada, usar meia calça e só sair maquiada. Eu queria ser vegetariana, andar descalça e usar bata. Eu queria aprender francês, italiano e javanês. Eu queria ler em braile, falar em libras e dançar tango. Eu queria ser sensata, usar franja e conhecer a França. Eu queria ter asas, escrever com pena e transar na sala. Eu queria escrever um conto, achar o ponto e indicar no mapa. Eu queria beijar na boca, brincar de louca e ficar rouca. Eu queria aplicar na bolsa, falar de futebol e entender de política internacional. Eu queria usar vestido sem calcinha, sentar de perna aberta e não perder a linha. Eu queria gozar à beça, dizer besteira e fazer a festa. Eu queria plantar baobás, escrever um romance e embalar uma criança. Eu queria não ter tantos quereres e sem querer ... eu queria ... adormecer.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O carnaval chegando ...

"E eu que andava nessa escuridão
De repente foi me acontecer
Me roubou o sono e a solidão
Me mostrou o que eu temia ver
Sem pedir licença nem perdão
Veio louca pra me enlouquecer
Vou dormir querendo despertar
Pra depois de novo conviver
Com essa luz que veio me habitar
Com esse fogo que me faz arder
Me dá medo e vem me encorajar
Fatalmente me fará sofrer"
...

Filosofias sobre o ponto; o exato lugar do ponto final.

O ponto? O exato ponto?
É que a vida é assim mesmo, a vida como ela é,
e ponto.
Ponto final.
Não é?

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Sentir é isso ... simples assim.

Simples assim. E querer dar nome, rotular, entender, perguntar, esmiuçar é o contrário do simples assim. Sentimos tudo isso que não entendemos; simples assim. Queremos coisas que não entendemos; simples assim. Fazemos coisas que não entendemos; simples assim.
Quem é que disse que temos que saber tudo? Mas, no fundo, bem no fundo, no espaço em que é simples assim, nós sabemos. E é, por saber, que sentimos, mesmo sem achar sentido. Por Deus, como tudo isso faz sentido, bem lá no fundo, no espaço do simples assim. Faz sentido, não faz? Somos, afinal, de uma simplicidade explícita. Entendo, enquanto explico, só não tento explicar a gente, que pra isso não tenho outra explicação, a não ser: sentir é isso ... simples assim.

Tinha que ser o Chico.

Valsa Brasileira

Composição: Edu Lobo / Chico Buarque

Vivia a te buscar
Porque pensando em ti
Corria contra o tempo
Eu descartava os dias
Em que não te vi
Como de um filme
A ação que não valeu
Rodava as horas pra trás
Roubava um pouquinho
E ajeitava o meu caminho
Pra encostar no teu

Subia na montanha
Não como anda um corpo
Mas um sentimento
Eu surpreendia o sol
Antes do sol raiar
Saltava as noites
Sem me refazer
E pela porta de trás
Da casa vazia
Eu ingressaria
E te veria
Confusa por me ver
Chegando assim
Mil dias antes de te conhecer


[Agora, me diga, Chico, como você faz uma coisa dessas??]

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Para não esquecer.

"Não podemos crer na total transparência dos seres, é necessário aceitar que os outros tenham segredos, regiões de SOLITUDE. A maior prova de amor será colocar-se à distância e não querer ai penetrar."

(Cada vez mais eu entendo a dimensão dessas palavras)

domingo, 24 de janeiro de 2010

Olha, presta atenção, quero falar

Olha, presta atenção, quero falar. Na verdade estou tentando falar. Estou tentando resumir tudo em palavras, resumir essa pergunta oqueéissoqueháentrenós, e sabe? O resumo só não é possível, como também não cabe. Não há palavra para dizer. O jeito é sentir, sentir escancarado, sentir esse troço meio doce, amargo, agridoce. Sentir as borboletas que insistem em voar, todas elas, ao mesmo tempo. Sentir a chuva, lá fora e aqui dentro. Sentir os pingos, lá fora e aqui dentro. Não há jeito ou há? E o jeito que há... Não, eu não sei, estava aqui sentada, pensando e quanto mais eu penso, mais em sinto e o sentir cresce de uma forma que dói, mas não sentir também não é dor? Ou é oposto de tudo isso? A porta, sabe? A porta que abrimos, você escolheria diferente? Escolheria não abrir? A comoção das palavras, o arrebatamento das palavras é um caminho sem volta. Eu deveria ter avisado antes, mas como? Eu também não sabia. O que sei, nesse exato e preciso momento, é que as estrelas me mostram o caminho ... e nem é noite ainda.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Obrigada, Leminski.

Eu, hoje, acordei mais cedo
e, azul, tive uma idéia clara.
Só existe um segerdo.
Tudo está na cara.

*****************************
Incenso fosse Música

isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além.

******************************

gardênias e hortênsias
não façam nada
que me lembre
que a este mundo eu pertença

deixem-me pensar
que tudo não passa
de uma terrível coincidência

*******************************

rio do mistério
que seria de mim
se me levassem a sério?

*******************************

primeiro [frio]* do ano
fui feliz
se não me engano


Tão bom quando a gente encontra tantas respostas em um lugar só. Obrigada, Leminski. Distraídos Venceremos, afinal.

* grifo meu.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Nos seus olhos.

Ela é estranha, de uma estranheza difícil de entender, possui o seu próprio conjunto de valores, ideias, clichês, teorias. Entende que, às vezes, em ocasiões raras, ela não consegue fazer encaixar suas concepções. Nesses momentos, bem específicos, em que vários dos seus eus se encontram, ela, cheia de si, transborda. E só então, olhos, muito especiais, conseguem vê-la. E por ser vista, assim, tão despida e vestida, ela, de súbito, toma consciência de que existe, de fato, nesse mundo real.


[Nada como vírgulas para respirar aliviada]

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Relendo " O Encontro Marcado"

"- Besta-Fera, está uma tarde belíssima. Vamos à Pampulha tomar uma cerveja.
- Você está doido? Não posso de jeito nenhum.
- Não analisa não.
Era a palavra de ordem, espécie de lema que comandava o destino dos três, diante do qual nenhum obstáculo se sustinha. Acordo tácito, compromisso de honra: não analisar, porque do contrário surgiriam problemas, todos tinham seus problemas. Esmiuçando motivos, prevendo consequências, nenhuma atividade seria possível, a vida perderia a graça. Tinham de viver em cada momento uma síntese de toda a existência, não analisar jamais!
Mauro abandonou sua pasta de remédios no meio-fio."

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Meu Cruzeiro do Sul

Morei dos 3 aos 17 anos na mesma casa, na minha casa. Me lembro de olhar pra céu (na minha terra tem o céu mais lindo do mundo) e ver ao fundo o Cruzeiro do Sul, era uma referência muito forte. Cresci nessa casa, andei de bicicleta, pulei amarelinha, aprendi a nadar, plantei minha primeira árvore [aos quinze anos, meu pai me deu de presente um pessegueiro e nós plantamos juntos] o primeiro beijo, namorar no portão, muitas primeiras coisas aconteceram nessa casa ... Aos 17 anos vim para cá, fazer faculdade, mas ainda tinha a minha casa nas férias. E aqui, quando a saudade apertava eu olhava pro céu procurando o Cruzeiro do Sul, (nas raras noites estreladas eu achava!) e nesse momento eu sabia onde deveria ir, onde ficava a minha casa e sobretudo, sabia como me sentir em casa, mesmo longe. Isso se repetiu muitas vezes. Quando eu escolhia um caminho errado e me perdia, sabia onde encontrar meu lar. Meus pais mudaram de lá, mas aquela casa é ainda a maior tradução de lar para mim. Ontem eu fiz meu próprio Cruzeiro do Sul (uma tatoo!) e agora, ir para casa, ficou muito mais fácil.

Uma boa idéia!


[clique na imagem para ler]

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O cinema americano e a bossa nova.

Trabalhávamos juntos, nós três. Eu, ele e ela. Éramos muito amigos. Sexta-feira era o dia sagrado do happy hour, outras pessoas variavam, mas nós três estávamos sempre lá. Depois de algumas cervejas, às vezes uma tequila ("para puxar angústia") muitos desabafos. Era um tempo intenso aquele, queríamos tanto, sabíamos pouco ... Dividíamos dúvidas, angústias, erros (muitos!), acertos (poucos!) e ríamos. Ele era o mais pragmático, sempre repetia que tudo aquilo era culpa da bossa nova e do cinema americano. Tudo aquilo em questão era o que queríamos e não tínhamos: amores intensos, finais felizes, relações inteiras, empregos dos sonhos, realização profissional, essas coisas que queremos com 20 e poucos anos. Eu defendia a bossa nova, como que o 'barquinho vai, a tardinha cai' poderia ter culpa???? ... e nós ali defendendo o cinema americano... e a bossa nova e ... as possibilidades ... eram tantas e ainda são ... ainda bem!!!


"podem ficar com a realidade
esse baixo astral
em que tudo entra pelo cano
eu quero viver de verdade
eu fico com o cinema americano"

Leminski

domingo, 17 de janeiro de 2010

Dúvida

Palavras divididas, não são palavras inteiras, ou são??

sábado, 16 de janeiro de 2010

OquequeéISSO, meu Deus?

"Tomas não sabia então que metáforas são uma coisa perigosa. Não se brinca com metáforas. O amor pode nascer de uma simples metáfora ...

Em trabalhos práticos de física, qualquer aluno pode fazer experimentos para verificar a exatidão de uma hipótese científica. Mas o homem, por ter apenas uma vida, não tem nenhuma possibilidade de verificar hipótese por meio de experimentos, por isso não saberá nunca se errou ou acertou ao obedecer a seu sentimento ..

Todos acreditamos que é impensável que o amor de nossa vida possa ser uma coisa leve, uma coisa que não pese nada; achamos que nosso amor é o que devia ser; que sem ele nossa vida não seria nossa vida...

Tereza sentiu a tripulação da alma se lançar sobre o convés de seu corpo"...

de a Insustentável Leveza do Ser

E ai o Chico canta .."E me beija com calma e fundo até minha alma se sentir beijada"
.
.
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Eu tenho que ir ali fora tomar um ar (ou uma chuva!)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Um pouco de Bandeira.

ARTE DE AMAR
Se queres sentir a felicidade de amar,
esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
(Manuel Bandeira)
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Eu já conhecia essa poesia no dia que vi Edson Nery da Fonseca declamando-a (apesar de não concordar totalmente com o Bandeira gosto da possibilidade dela). Foi em uma das mesas literárias mais lindas da Flip. O Edson é um senhor fofíssimo que com 87 anos sabia esse poema (e vários outros) de cor. E ao ser indagado pelo mediador se ele já havia "usado" o poema com alguma mulher, ele riu e disse: - Claro, com muitas!
Foi nesse dia que entendi que poesia também embriaga.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Um Alento!

Têm dias nublados
que só nublados são.
Mas têm DIAS nublados
que a gente consegue perceber

o SOL

fazendo força para aparecer.


É tão bonito de ver!

Aos bons amigos.

Ontem fui almoçar com um grande amigo, é o mesmo amigo no mesmo restaurante indiano que almoçamos há 2 anos, foi um dos primeiros posts que eu fiz aqui. [Na busca pelo post antigo, acabei lendo outros ainda mais antigos, o que me levou em uma viagem para dentro de mim ... e foi muito bom perceber o tanto que eu caminhei, o tanto que eu conquistei de mim mesma escrevendo aqui. Redenção foi o que senti.]

Mas, voltando ao almoço com o amigo, foi muito divertido, é bom demais ter amigos que podemos falar, falar, falar, ouvir, ouvir, ouvir, e rir, sobretudo, rir de nós mesmos. É bom falar coisas sem pensar ... defender meus pontos de vista fazendo com que ele reveja as suas decisões. O melhor de tudo é falar sem medo de ser julgada sabendo que o amigo me conhece tão bem que sabe as razões que não são ditas, e mesmo assim, ou por isso, é meu amigo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Assunto recorrente, esse, da chuva.


"Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando" Ana Terra - O Tempo e o Vento




A chuva caia lá fora e eu pensando aqui dentro, pensando nas coisas importantes que aconteceram na minha vida quando chovia, minha memória está repleta de chuvas. Algumas boas, outras nem tanto. Algumas vezes choveu só nos meus olhos, em outras, todo o meu corpo choveu, como a chuva que agora cai lá fora ... Paixões antigas que começaram na chuva, tantas chegadas, tantas partidas, tanta vida acontecendo e, sempre, a chuva, lá fora ou aqui dentro.

De tanto te esperar/Eu quero te contar/Das chuvas que apanhei/Das noites que varei/No escuro a te buscar/Eu quero te mostrar/As marcas que ganhei/Nas lutas contra o rei/Nas discussões com Deus/E agora que cheguei ...

Não quero falar sobre ISSO.


(escrevendo em caderninho)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O Amor é Importante ...

Sou diferente, tenho por essência licença poética, e não tenho receio de fazer uso da poesia em meio ao caos urbano. Poderia ser eu a que enfeita seus viadutos, poderia escrever neles minhas palavras. Escreveria embaixo IMPORTANTE PRA CARALHO! Sobre o amor, sabe? Ficaria bonito de ver o amor assim: O Amor é Importante, porra. IMPORTANTE PRA CARALHO! E com isso selaria a sentença de forma absoluta. E, ficaria imaginando você passar por ali, enquanto corre em direção às suas escolhas. Por um segundo, você me leria e, ao me ler estaria me vendo, porque sou eu ali estampada e não minhas palavras. Possui-las é como me possuir e ler-me é uma forma de me ter. Mas isso, meu amigo, é segredo que conto apenas para você. Não, não conte a ela que eu lhe disse. Ela não é o tipo que cora, mas também não é o tipo que se expõe. Tenho lido suas palavras, aquelas que não são direcionadas a mim, mas devo confessar que leio como se fossem,

Meu corpo, seu violão.

Ela adorava ficar olhando, pena ele ter feito isso tão poucas vezes, tocar para ela. Era tão bonito de ver a gentileza dos dedos tocando as cordas, cada nota, única. A dança das mãos, o olhar compenetrado, ele e seu violão. Quer tocar outro violão? ela perguntou. Queria saber como seria ser tocada na mesma forma. Cada toque, uma nota, ela prometeu. Ele sorriu encabulado. Ela garante que foi música de maior qualidade a que se ouviu naquela noite.

(post antigo, mas agora com um singelo objetivo - incentivo!!!)
De tanto te esperar

Eu quero te contar

Das chuvas que apanhei

Das noites que varei

No escuro a te buscar

Eu quero te mostrar

As marcas que ganhei

Nas lutas contra o rei

Nas discussões com Deus

sábado, 9 de janeiro de 2010

For You!

Hoje eu tomei a melhor chuva do mundo. Eu estava no meio do caminho e a chuva começou de mansinho, uma garoa, carícia. E eu pensei, dá para ir, mas a chuva foi aumentando e eu adorando ... percebi que eu não tinha pressa, e a chuva caia e eu ria dela e de mim e as pessoas corriam e eu ria. E as pessoas me olhavam e eu ria. Eu vi um casal triste que se escondia da chuva, vi um casal de mãos dadas correndo na chuva, duas amigas, uma mãe quero-quero, muitos pára-brisas, poças d´água e guarda-chuvas. Vi a chuva do meio do bosque, vi as arvores rindo-se. E eu estava molhada, com a blusa branca transparente e no meu ouvido os Titãs gritavam Não vou lutar contra o que sinto... Olhei um lugar que poderia me proteger. Mas aquilo me pareceu de um mau gosto infinito e a chuva me chamou de volta. Voltei. E os Titãs gritaram mais alto ... Não vou negar o que é tão claro ... e a chuva estava em todas as partes e me abraçava, gotas caiam nos meus olhos, escorriam pela minha boca e eu era chuva também. E a verdade explode cada vez que eu minto...

Chuva de Verão

Sai para caminhar e no meio do caminho aconteceu a melhor chuva do mundo. E, percebi que de repente eu não tinha pressa, e a chuva caia e eu ria dela e de mim mesma, e as pessoas corriam e eu ria. E as pessoas me olhavam e eu ria. Eu vi um casal triste que conversava protegido da chuva, e vi duas amigas que riam pedalando as bicicletas e uma mãe quero-quero protegendo seu filhote. Vi a chuva do meio do bosque, vi as arvores rindo-se. E eu estava molhada, com a blusa branca a essa hora transparente e no meu ouvido o Titãs gritava Não vou lutar contra o que sinto... Eu estava perto do Museu, lá poderia caminhar protegida da chuva, fui. Mas, aquilo me pareceu de um mau gosto infinito e a chuva me chamou de volta e eu ... eu voltei. E os Titãs gritaram mais alto ... Não vou negar o que é tão claro ... e a chuva estava em todas as partes e me abraçava, gotas caiam nos meus olhos e escorriam pela minha boca e eu era chuva também. Eu ria. " E a verdade explode cada vez que eu minto" ...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Tem dias nublados

que só nublados são

Mas tem dias nublados

que a gente percebe

o sol fazendo força para aparecer

É tão bonito de ver!

Brincando de Louco

Ela queria dizer tantas coisas, não gostava de censura e abominava a auto-censura, mas achava que a sensatez e a insensatez são relativas. O sensato de hoje pode ser o insensato de amanhã, mas como saber, se é hoje que se deve tomar uma decisão? Na verdade, ela sabia que não havia decisão nenhuma para ser tomada, tudo era, apenas isso, era e, é. Sem que ela com seus conceitos malucos, suas meias-palavras e suas entrelinhas pudessem fazer nada. É e pronto, sou porque é. Ela sentia tudo, com tanta intensidade, que há dias não respirava, e não ousava dizer, porque dizer é tornar concreto e de concreto chega o Mundo ao seu redor.
Ele havia se enganado, não é de faz de conta que ela queria brincar, nem de castelos onde seria rainha, não é nesse mundo que ela queria ficar. Mas como dizer isso? Ela se esforçou tanto para chegar e quando chegou teve medo, medo de não saber o que fazer dai para frente, medo de ser sensata, e entender que a sensatez não é o oposto da loucura, mas que a sensatez é a loucura. A sensatez é como brincar de louco. Não, ela não queria ser sensata e entendia que palavras como sensata, formidável, razoável não faziam parte dela. Na maioria das vezes ela fala demais, escreve demais, brinca demais, sente demais, sem que essas ações estejam necessariamente ligadas. Mas, ontem, à tarde, depois das três, enquanto chovia e o céu era cinza, ela entendeu e por entender não disse o essencial, disse palavras rasas, de sentimentos rasos. E depois se sentiu rasa como suas palavras, vazias. Dessa vez, não. Sabe que está sendo insensata, mas adora brincar de louco, mas tem que ser de louco lúcido ... que é muito mais legal!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

ISSO e aquilo.

Esses dias estava conversando com uma amiga, tentando explicar o meu conceito de ISSO. O ISSO em questão era esse ISSO que a gente sente de vez em quando, aquele sentimento meio arrebatador, que faz o coração bater mais forte, que faz a gente esperar uma ligação, quase com angústia, que dá aperto no peito, que não deixa a gente dormir, nem comer, e no meu conceito, nem viver direito. Ou que faz a gente viver demais. Talvez seja ISSO!!, pensei, mas não disse. Tudo depende da perspectiva do ISSO, você pode ser O ISSO de alguém que não desperta em você ISSO. Nesse caso, é complicado, mas contornável. O difícil é ser ISSO para alguém que é ISSO para você. Ai, sai de perto, porque sempre vai dar n´aquilo, e aquilo é um troço bom, vá lá, é ótimo, mas ... tem reticências e com reticências em não brinco, eu respeito. O papo ia muito bem, ela quase estava entendendo o tal do ISSO a que me referia, mas ai, quis dar um exemplo prático, tipo coisa que aconteceu, tipo pessoa real, de carne e osso, não era uma situação hipotética ... Tive que me render, não teve conceito de ISSO, nem daquilo, nem de nada mais. Reconheci que, às vezes, minhas teorias não servem, estão obsoletas ... e o que me restou foi rir de mim mesma, rimos juntas e, lógico, habilmente, mudei de assunto.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Os Reis Magos e o Meu Reizinho

Hoje meu filho faz 6 anos, é super clichê dizer que o tempo voou, mas é esse meu sentimento ao olhar para ele. Filho é bom demais, e muda realmente tudo. Lembro do meu primeiro olhar para ele e de sentir um amor tão grande, um amor que eu nem sabia de onde vinha, mas que me inundava, foi amor à primeira vista mesmo. Sei que nem sempre é assim, mas no meu caso foi. Ele nasceu no dia dos Reis Magos e esses reis tão distantes passaram a ter outra importância, gosto muito mais de Melchior, Gaspar e Baltazar, eles são os caras! E o Vini é meu carinha!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Os nãos bons e os nãos que só são.

Mal acabei de escrever o post de ontem e a vida veio de novo rir da minha cara. Eu estava tão certa de que finalmente tinha achado o meu caminho, já estava fazendo a mala e me preparando para trilha-lo e ai vem a vida e diz: - Tsc, tsc, não por aqui. Como assim? D. Vida - Não por ai??? Então por onde? Ela não disse, só limitou a me olhar com grande olhos, não havia deboche nos seus olhos, nem piedade, mas eram grandes olhos cheios de vida. Sorri para ela, depois, sozinha, chorei um pouco. É isso ai, como diria uma amiga. Tem certos nãos que são bons para gente. Não é só uma forma de dizer sim, só que ao contrário. Depois de chorar, ri de mim mesma. É que tristeza é igual a alegria, só que ao contrário.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Vamos de mãos dadas.

Sou lenta para tomar decisões, protelo, pondero, penso um milhão de vezes.. sempre invejei Eduardo Marciano e seus amigos do Encontro Marcado e o acordo entre eles: Não Analisar Jamais. Quem me dera. O fato é que analiso. E depois de criteriosa analise eu havia tomado uma decisão. Mas ai vem a vida e me mostra novas possibilidades, novas saídas, alternativas diferentes. Vem a vida e me faz olhar pra trás e me surpreender com memórias que eu julgava esquecidas, como a melhor cantada que já recebi, os presentes mais marcantes, o elogio mais lisonjeiro. Me surpreendi ao perceber que essas pequenas memórias vem de um lugar só. Um lugar que eu julgava passado, superado. Vem a vida e me mostra que há muito mais .... que estamos só começando, não só porque vejo uma infinidade de sucessão de dias, mas porque estamos mesmo só começando. Começando com o pé direito, começando de mãos dadas, começando um ano novo.

"Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas"

Via Iluminada

Vamos de Mãos Dadas!

Exatamente à meio noite, estava cantarolando


"Esse ano, quero paz no meu coração

Quem quiser ser meu amigo

Que me dá a mão!"





"O presente é tão grande, não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. "