segunda-feira, 29 de agosto de 2011

No meio do praça e todo sentimento.

Ela estava sozinha, era uma praça. Uma praça em frente a um aeroporto. Poderia ser qualquer praça, de qualquer aeroporto, de qualquer cidade. Ela estava sozinha, é importante que você saiba disso. Sozinha no meio de uma praça. Ventava. E ela estava sozinha. Mas não chegou sozinha na praça, ela foi deixada ali. Seu coração quase não batia, porque era dolorido demais bater. Não havia como doer mais, mas doía. Cada respiração doía. Esqueci de mencionar, ela tinha um celular nas mãos, e no chão ao seu redor, seu sentimento se esvaia, como sangue. Ela sangrava. Não há palavra para verter sentimentos, ou há? Era amor. E o amor sangrava dela. Sangue é vital e aquele amor também. Se ela pudesse se ver de cima, como eu podia vê-la, teria visto um menina, vestida de rosa, com um celular na mão, olhando pro horizonte que se movia, cercada de sentimentos que vertiam do seu corpo, como se sangue fosse. Ela ficou ali parada por algum tempo, ninguém é capaz de precisar quanto, nem é necessário, porque o tempo naquele momento não era contado pelo relógio, nem um calendário do mundo seria capaz de precisar aquele tempo, o tempo do sangramento.
Ela ficou parada, olhando o horizonte que não se movia mais. No celular mensagens mandavam-a ir embora, e ela, obediente, foi.

Só hoje se deu conta... o sentimento, ficou ali, no meio da praça.


"Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez."


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Será que a gente sempre se consola?

"- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa..."
...
- E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola), tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo. E abrirás às vezes a janela à toa,(pra ver a chuva) por gosto... E teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando (os pingos) o céu. Tu explicarás então: "Sim, as estrelas, (a chuva) elas sempre me fazem rir!
E eles te julgarão maluco.
Será uma peça que te prego..."

*trecho do Pequeno Príncipe para me consolar.

domingo, 7 de agosto de 2011

Pra não esquecer.

Viver dói. Dói até deixar sem ar, sem chão. Até desconstruir certezas e verdades. Dói chorar sozinha na praça, quando o grito não sai. Dói ver a porta se fechando e ninguém saindo dela. Dói um dor quase insuportável. Dói a ponto de se rever tudo. E a dor traz algumas respostas. Já que vai doer viver aqui essa vida, que seja com você.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Entre pedidos, do café da manhã ao chá das cinco.

Não, eu não peço muito. Peço algumas palavras quentes nesse manhã gelada. E se elas forem entregues em conchinha com seu calor, muito melhor. Peço aconchego do lar, da chegada, depois do dia difícil. Da semana, do mês, da vida. Depois de uma vida, ou várias, a chegada em casa com a sensação de dever cumprido. Peço a reposta ou, ao menos, a pergunta certa. E não as inúmeras dúvidas que sempre me invadem entre o café da manhã e o chá das cinco. Não peço, mas desejo, a paz no coração. A paz de se saber, mesmo sem entender, porque saber pode bastar. Entender é sempre mais, por isso dói. Saber, hoje e amanhã, me bastaria. Pensando bem, eu peço demais.
Queria, então, começar de novo, assim, bem simples, despida, sem frio.
Sim, eu peço demais. Mas não custa nada me atender.