segunda-feira, 29 de agosto de 2011

No meio do praça e todo sentimento.

Ela estava sozinha, era uma praça. Uma praça em frente a um aeroporto. Poderia ser qualquer praça, de qualquer aeroporto, de qualquer cidade. Ela estava sozinha, é importante que você saiba disso. Sozinha no meio de uma praça. Ventava. E ela estava sozinha. Mas não chegou sozinha na praça, ela foi deixada ali. Seu coração quase não batia, porque era dolorido demais bater. Não havia como doer mais, mas doía. Cada respiração doía. Esqueci de mencionar, ela tinha um celular nas mãos, e no chão ao seu redor, seu sentimento se esvaia, como sangue. Ela sangrava. Não há palavra para verter sentimentos, ou há? Era amor. E o amor sangrava dela. Sangue é vital e aquele amor também. Se ela pudesse se ver de cima, como eu podia vê-la, teria visto um menina, vestida de rosa, com um celular na mão, olhando pro horizonte que se movia, cercada de sentimentos que vertiam do seu corpo, como se sangue fosse. Ela ficou ali parada por algum tempo, ninguém é capaz de precisar quanto, nem é necessário, porque o tempo naquele momento não era contado pelo relógio, nem um calendário do mundo seria capaz de precisar aquele tempo, o tempo do sangramento.
Ela ficou parada, olhando o horizonte que não se movia mais. No celular mensagens mandavam-a ir embora, e ela, obediente, foi.

Só hoje se deu conta... o sentimento, ficou ali, no meio da praça.


"Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez."


3 comentários:

Rafaela Gambarra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rafaela Gambarra disse...

Que lindo! Essa letra de Chico é uma das mais belas dele, sem dúvida e... dá pra imaginar mesmo uma cena dessa. E de aclamar quando os sentimentos ficam ali, nos meios das praças. Ruim é quando eles não ficam, né? E continuam com a gente...
Adoro teus textos, faz é tempo que te sigo já mas acho que nunca tinha comentado!
Beijo e bons dias!

Noh Gomes disse...

Sentimentos ficam aonde tem que ficar, independente de quereres né.

Beijos