domingo, 28 de fevereiro de 2010

Os mecanismos do ciúmes.

Eu não sou ciumenta.
Parece uma sentença de um absolutismo mentiroso, mas não é. Já pensei muito sobre isso. Convivi com muita gente ciumenta, acompanhei de perto amigas ou amigos ciumentos ou que sofriam com o ciúmes alheio. Nunca consegui entender direito esse mecanismo, mas como as coisas do coração nem sempre fazem sentido, já não analiso por ai ... Tem gente que sente ciúmes e tem gente que não sente ciúmes. Ninguém é melhor ou pior por causa disso. Ponto.
Conviver com ciúmes me fez pensar no meu próprio mecanismo da falta de ciúmes, em um primeiro momento cogitei que tudo era uma questão de segurança ... Meio prepotente esse pensamento, que na verdade escondia uma verdade extremamente perigosa. Eu não sinto ciúmes porque confio nas pessoas. E quando eu cheguei a essa conclusão me senti tão ingênua... Eu confio mesmo, acredito no que as pessoas me dizem, acredito no que as pessoas sentem. Acredito, não duvido. Para o bem ou para o mal, acredito. Bobinha, né? Pode-se negar uma natureza para se adequar ao mundo lá fora????

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Na festinha de escola...salva!

Não gosto muito de festa de aniversário de coleguinha de escola do meu filho, acho desperdício de tempo e assunto, são três horas dedicadas a falar de professora da escola, uniforme da escola, lição da escola, diretora da escola, escola da escola ... não tenho paciência. As mães são até bacanas, mas por algum mistério escolhem sempre o mesmo assunto ... ontem estava exatamente igual, ainda mais que é começo de ano, a professora é nova ... escola, professora, escola, escola, escola, eu ali mega entediada, fazendo cara de lógico que eu concordo com você (tem hora que fico com preguiça de polemizar) - Como a professora pode colocar um carimbo de lindo em uma coisa que você acha que sua filha pode fazer melhor?? - a criança tem 5 anos e já não corresponde às expectativas da mãe. A outra, pobre, pobre criança, a mãe (louca, louca, louca!) está cortando as suas calorias, não deixa a menina comer nada de doce, nem no fim de semana e deu uma corda linda para ela passar as manhãs se exercitando. E eu no meio do antro, quase pedindo socorro ... Até que uma mãe disse assim: Ontem falei para meu marido sabe aquela época que a gente se amava? Ela disse assim mesmo ...aquela época que a gente se amava ... passei a prestar atenção nela e ri o resto na noite ... salva pela época em que ela amava o marido.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ser ou não ser (um chichê), eis a questão.

Ela não gostava de ocupar o lugar comum, não se julgava especial, só não gostava de estar, ser, sentir, viver como a média das pessoas. Não que a média fosse ruim, seria até bom estar na multidão, mas o fato é que ela não se encaixava lá. A verdade, então, é que ela, apesar de muitas vezes querer, não cabia no lugar comum. E por não caber teve que buscar caminhos alternativos e gostou deles. Era onde se sentia em casa, podia ser ela mesma. Passou tanto tempo buscando-se que agora, nesse exato momento, reduzir-se a um clichê seria uma heresia e, pior, algo dentro dela, que lhe era caro e precioso, morreria. Era impossível viver, ser fiel a ela mesma e ainda vestir a roupa do clichê. Mas sabia, e sabia disso tão profundamente que até dava um aperto no coração, que tudo seria muito mais fácil se ela se resolvesse pelo clichê ... Mas também sabia, e ria disso por saber, que nunca havia escolhido um caminho fácil.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Os Monstros e Eu!

Tenho pensado sobre a tristeza, não por estar triste, mas por ter contato com a tristeza, minha e dos outros. Esses dias me perguntaram se eu estava infeliz? Não - fui categórica - estou feliz. Como poderia não estar?
Mas ... sei que a tristeza me espreita, vejo seus grandes olhos me espiando pelas sombras. Todos esses sentimentos aumentaram em intensidade e extensão depois que vi "Onde Vivem os Monstros". O filme é lindo, de uma beleza sutil, quase nas entrelinhas, o deserto, as flores, as árvores, a tristeza doce e o amor dos monstros, ... Entendi muito mais sobre os monstros que me habitam, alguns doces, amigos, mas, ainda, monstros. No filme, há uma distinção entres os mordedores (só mordem, não devoram, o que é bom, entre eles) e os devoradores. Todos os meus monstros são mordedores, não me devoram, só mordem, dia e noite, noite e dia. Às vezes, bem de levinho, a mordida é quase um beijo, mordidinha de amor. Outros, os mais ferozes, dão grandes dentadas, doloridas ... Atualmente o meu pior monstro é o da fome, nós - eu e ele - andamos com fome, fome de coisas que nem sabíamos que existia, fome que não se sacia, fome que só faz aumentar. Não sei, sinto, que talvez pela primeira vez, me habitará um monstro devorador ... serei devorada ou devorarei???? Fome, meu Deus! Muita fome.


Trailer do filme, ai ai, lindo!
http://www.youtube.com/watch?v=AZlIvjXPav0

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O Encontro Marcado - 2

"... é que ainda não sei bem: ele tem olhos verdes? Se tivesse olhos verdes estava explicado."

" - Ia lhe dizer agora uma coisa muito importante. Mas é tão importante que prefiro não dizer. Só é sincero aquilo que não se diz.
- Então isso também não é sincero - sorriu ela.
- Também não. Só o silêncio é sincero.
...

... É preciso escutar o silêncio, não como surdo, mas como um cego! O silêncio das coisas tem um sentido. Quem não entende isso não entende nada."


O Encontro Marcado do Fernando Sabino continua falando comigo, e eu, em silêncio, escuto.


[ Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer. Italo Calvino]

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

apesar de

De repente se entende tudo, todo o mistério se revela. Um breve instante de clareza. Espaço-tempo de lucidez. Não a dita lucidez ordinária, cotidiana, banal. A mais doce e genuína forma de se ter lucidez. A lucidez do entendimento, da revelação, do encontro [quando a gente passa a entender]. E o mundo, as pessoas do mundo, os fatos do mundo, as letras do mundo e mundo do mundo passam a fazer sentido.
Por Um Breve e Profundo Momento.
Por um breve e transformador instante.
Tudo e nada fazem sentido.
E nesse espaço, se respira, apesar de.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Vou brincar lá fora...





(vou ali e volto depois que o carnaval se for)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O que é [Sur]Real?

a) O que eu vejo de olhos abertos? Ou o que vejo de olhos fechados?

b) O que seus olhos veem ou o que seus olhos dizem?

c) O seu gosto da minha boca ? Ou a sua boca na ponta do meu dedo?

d) A sensatez da ausência ou a [in]sensatez do encontro?

e) A chuva que eu tomei ou a chuva que te tomou?

f) A fome ou a falta dela?

g) O Pingo ou a Letra?

h) Todas as palavras ditas ou as não ditas?

i) Nenhuma das anteriores

(tem dias que até a realidade é relativa)

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Ah! Entendi!

"Foi bom ter descoberto esse amor, estava faltando em mim meio ao mundo louco."

escrevi isso em julho do ano passado, alguns meses depois finalmente entendi, não era um mantra, nem um ato falho, era um pedido.
Obrigada.

"Teu sagrado e tua besteira
Teu cuidado e tua maneira
De descordar da dor
De descobrir abrigo
Entre tanto amor
Entretanto a dúvida
A música que casou
Um certo surto que não veio
Há uma alma em mim,
Há uma calma que não condiz...
Com a nossa pressa!"

http://letras.terra.com.br/o-teatro-magico/1256100/


[vou brincar lá fora e já volto!]

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Carta a um Jovem Amigo

Querido,

Há tantas coisas que eu queria dizer... posso me ver em você, eu ontem, você amanhã. Mas acredito que você fará diferente, você é muito mais esperto do que eu era. Acho bonita a forma como você se joga no que acredita. Infelizmente, meu amigo, tudo tem um preço, inclusive as mais nobres escolhas, as mais nobres trocas. Sei que você acha que a grama onde piso é mais verde, não se esqueça: também paguei por ela.
Falando em pagar queria lembrá-lo de preservar o que lhe é caro, o que aparentemente não custa nada, pequenas concessões a longo prazo, custam muito. Se eu pudesse mandar uma carta para mim mesma na sua idade, com certeza deixaria muito claro o valor de cada coisa. Nessa caso não haveria alternativa, se não me ouvir.
Uma amizade baseada no que somos em essência é algo muito especial, por isso desconsidero aquele papo absurdo de expectativas, onde eu existo apenas em terceira pessoa. Fazia tanto tempo que eu não escrevia para você, é sempre bom, é sempre um resgate da pessoa que você me ajudou a ser. Não sei se eu já agradeci por isso, acho que sim, mas nunca agradecer é demais, né? Obrigada por ter insistido, foi por você insistir, foi por me escrever, foi bom saber que havia a pessoa do RG que hoje estamos aqui, eu e ela. Então, mais uma vez, obrigada.

sua,

C.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Aprendendo com quem sabe!



[Persuasivo, não?]

Borboleta.

"Em grego antigo, borboleta diz-se Psyché, ou seja, ALMA. Por sair do casulo ao nascer a borboleta é símbolo da alma imortal. Representa auto transformação, clareza mental, novas etapas e liberdade. Assim como a borboleta, que é irresistivelmente atraída pela luz, a alma também é pela verdade divina. Por isso, esse animal é símbolo da busca da verdade.

entendi .... agora está na pele.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Lá, onde faz sentido ...

Ela suspirou, o ar precisava entrar, às vezes, respirar era difícil. Só ela sabia o que acontecia por dentro, quando por fora havia uma calma complacente, não que dentro não houvesse. Mas era dentro que suas batalhas eram travadas: ela com ela mesma, com seus conceitos, com suas teorias, suas idiossincrasias, só para ela faziam sentido, e, nos dias mais quentes, nem para ela.
Era isso, ela estava ali, com ele, parecia tão fácil e era fácil, uma facilidade estranha porque não deveria ser, mas era. E havia também uma intimidade nova, como pessoas que se conheciam há tempos, ser ela era fácil, mas perigoso, porque havia tanto em jogo. Tentava não pensar, por isso suspirava. Tudo o que estava acontecendo com ela era de uma intensidade dolorida, mesmo a dor era boa.
Como se pode sentir saudade de algo que não se tem? Ela sentia. E por Deus, como ela andava sentido, tudo, de olhos fechados. Ontem, quando ficou muito difícil, e a facilidade a assustou, discretamente, fechou os olhos, e sentiu. E lá, onde sentir era fácil, tudo fez sentido, e nesse precioso e exato momento, como que adivinhando seus pensamentos, ele apertou mais forte sua mão.