terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Fiz um cartaz.

"Consta nos astros, nos signos, nos búzios
Eu li num anúncio, eu vi no espelho, tá lá no evangelho, garantem os orixás
Serás o meu amor, serás a minha paz
Consta nos autos, nas bulas, nos dogmas
Eu fiz uma tese, eu li num tratado, está computado nos dados oficiais
Serás o meu amor, serás a minha paz
Mas se a ciência provar o contrário, e se o calendário nos contrariar
Mas se o destino insistir em nos separar
Danem-se os astros, os autos, os signos, os dogmas
Os búzios, as bulas, anúncios, tratados, ciganas, projetos
Profetas, sinopses, espelhos, conselhos
Se dane o evangelho e todos os orixás
Serás o meu amor, serás a minha paz
Consta na pauta, no Karma, na carne, passou na novela
Está no seguro, pixaram no muro, mandei fazer um cartaz
Serás o meu amor, serás a minha paz
Mas se a ciência provar o contrário, e se o calendário nos contrariar
Mas se o destino insistir em nos separar
Danem-se os astros, os autos, os signos, os dogmas
Os búzios, as bulas, anúncios, tratados, ciganas, projetos
Profetas, sinopses, espelhos, conselhos
Se dane o evangelho e todos os orixás
Serás o meu amor, serás amor a minha paz
Consta nos mapas, nos lábios, nos lápis
Consta nos Ovnis, no Pravda, na vodca"

domingo, 2 de dezembro de 2012

terça-feira, 5 de junho de 2012

Carta que é uma oração.

Querido,

Finalmente fez sol e eu pude caminhar pela redondeza, estou chegando e quanto mais me aproximo, mais feliz me sinto. É bom ter de novo um lar. E sei que meu lar está próximo. Mesmo sabendo que levo meu lar comigo, dentro do peito, me sinto me aproximando dele. Parece estranho, mas faz sentido daqui. Hoje durante a minha caminhada encontrei a ruína de uma antiga igreja, não resisti e acabei entrando, o teto estava destruído, mas restava alguma coisa do altar, me aproximei, havia uma cruz feita de pedras. Achei bonito. E quando percebi estava rezando. Logo eu que há anos não entrava em uma igreja, estava em frente a cruz rezando. Rezei por nós. Pedi para que Deus te devolvesse olhos felizes. Rezei para que fizessemos escolhas certas e que tivessemos fé e sabedoria. Me pareceu certo pedir fé e sabedoria. Você que entende mais de Deus o que acha? Ele vai me atender? E depois, chorei.

Estou chegando. Já escrevo com o novo endereço.

Com todo meu amor.

Clarice



segunda-feira, 4 de junho de 2012

Bilhete

Meu deus como chove por aqui. A jornada fica mais silenciosa com a chuva, não tenho muita vontade de falar, em compensação tenho uma vontade absurda de escrever. Parei um pouco para tomar café e esticar as pernas. E vasculhei minha bolsa para achar um pedacinho de papel e lápis. Você sabe da minha predileção por lápis. Tive um grande insight essa noite, queria contar para você porque é importante. Quando não escrevo me sinto amordaçada, pior do que não falar. Porque escrever é falar duas vezes, é falar com sentimentos, é falar de dentro de mim para dentro de você. Entendeu a dimensão disso?
Fico feliz por sempre ter selos comigo. Desculpe pelo envelope meio amassado e pelo bilhete nesse papelzinho de fundo de bolsa. Era importante dizer.
Uma pena não ter noticias suas, queria tanto saber. quando eu chegar e tiver endereço fixo, tenho certeza que suas cartas chegarão a mim.
love.
C.

sábado, 2 de junho de 2012

Só que não.

Eu poderia ter acordado boazinha, vestido uma roupa confortável e ido caminhar no parque, como tenho feito todo dia # só que não.
Eu poderia ter concordado com você, e dessa forma ter achado que assim é porque é # só que não.
Eu poderia ter ignorado a fúria das palavras que insistiam em chegar até você # só que não.
Eu poderia ter gritado no meio da chuva de ontem e molhado as palavras, essas mesmas que driblaram a promessa não feita # só que não.
Eu poderia ter ficado sem luz, sem wi fi, sem 3g, e principalmente sem vontade # só que não.
Eu poderia ter ido dormir sem inundar em vão palavras que ficarão para sempre aqui # só que não.

Azar o meu # só que não.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Carta no meio da Jornada

Dear,
Eu sei que não prometi que escreveria, não fizemos promessas quanto a isso durante essa viagem maluca. Nem cheguei ainda. A jornada é longa. O caminho nem sempre é fácil, nunca achei que seria, mas muitas vezes me pergunto o que estou fazendo aqui sozinha. Meus olhos estão diferentes, consigo ver coisas lindas, outras nem tanto. Tenho vontade de compartilhar detalhes que só você entenderia, como o cheiro que eu senti no meio do nada ontem,  ou a cor que resolvi pintar as unhas, o trecho do livro que eu queria ler mil vezes em voz alta, detalhes sem importância, mas que eu queria que você soubesse. Tenho sonhado muito, sonhos estranhos, sonhos com bocas sendo beijadas, acordo assustada, refaço o caminho, me desmancho no lençol até entender que é só um sonho ruim. Mas, e a vida, não é?
Essa noite não dormi, tive insônia, vaguei pela casa, dormi já clareando, acordei com o dia cinza e triste. Não poderia refletir melhor o que tenho por dentro. Não, a jornada não está sendo triste, não pense assim.  Mas está sendo extremamente dificil, dolorida, mas, e a vida, não é?
Tenho certeza que um dia de caminhada e uma boa noite de sono irão desfazer essa sensação e a próxima carta será mais feliz. Não vou fazer promessa. Não fizemos promessa quanto a nada nessa viagem maluca.
Fique com meu amor,
C.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A relatividade da vida, do excesso e do que faz muita falta.

Ela olhou encantada pra tela do seu computador. Sorriu.
- O que foi?
- Recebi um email que me deixou feliz.
- E o estava escrito?
- Nada.
- E porque você está sorrindo feito uma boba?
- Por tudo.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Tinta Invisível

Escrever sem palavras é uma arte que poucas pessoas dominam. Entender que linhas em branco dizem muitas mais que mil palavras é para privilegiados. Transbordar pela ponta dos dedos sentimentos e ainda assim silenciar é ato de amor.

domingo, 27 de maio de 2012

O tempo se conta como?

O tempo se conta como? Mississipis? Dias? Meses? Anos? Séculos? Vidas? Já não sei. Tenho a nítida impressão que nos últimos dias (ou será que foram anos?) o tempo parou. Ou mudou. Passei a contar pelo número de palavras não ditas e guardadas para dizer depois. Ou pelo número de vezes que acessei faminta suas palavras. Já nem sei que dia é hoje. Nem sei se quero saber. O dia de hoje não me interessa, vivo no amanhã. Tenho um cofrinho onde deposito, como moedas de ouro, as palavras que vou dizer. É um cofre alado. Adoro o Icloud, acho lindo guardar segredos nas nuvens. Adoro ter poesia. Até em tecnologia há poesia. Não há? Meu cofre? Nas nuvens. Eu? Por ai, contando o tempo. Faminta que ando.


Basta apagar a luz, na hora de dormir, e imediatamente dois vagalumes aparecem no meu quarto, um par, dois seres alados, verde-vagalume que é verde especifico, feito olhos que me observam, olhos que sei que estão abertos, mesmo àquela hora, mesmo a qualquer hora. Eu? Por aqui, contando o tempo. Faminta que ando.

E choveu. Fingi que não vi, aliás, tenho chovido tanto, por todos os lugares que ando, faminta, contanto o tempo, chovo.

Então, o tempo? Não se conta. Eu? Faminta que ando.

domingo, 6 de maio de 2012

Se eu fosse esperta.

Escrevi mil palavras imaginárias, ou imaginei mil palavras escritas. Mas mesmo assim, não consegui explicar. Depois de tanto tempo, se eu fosse realmente esperta, como você acha que sou, eu já teria parado de tentar, explicar é perder tempo. E tempo, não temos. Se a Sapucaí é grande, a vida, não é. E o tempo urge. Feito areia escorrendo. Feito folhinha rabiscada, feito estação passando, do calor ao frio, flores, folhas, do calor ao frio, flores e folhas e assim, até o fim. Não o nosso. O nosso é só o começo, porque nunca deixou de ser. Mudou, lógico. Mas é o começo, contrariando a ordem: muda-se, porque passa. O tempo passa, mas não muda. Ainda somos os mesmos. Os mesmos dos olhos, das mãos, do vestido branco, do cachecol azul ou verde, nunca sei. Ainda somos os mesmo, da chuva, dos vagalumes, das folhas, do bosque. Do coração que canta. E quando você canta, eu, coração, inteira. Os mesmos que almas falam, almas veem, almas. E corpo, um só. Almas. Corpo. Se eu fosse esperta, como eu acho que sou. Não estaria aqui. Desse lado. Estaria ai. Dentro.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Formatar de novo.

Sofro de excesso de palavras. E nada em excesso pode ser bom. Porque não cabe aqui. Dói. Palavras falam. Não há silêncio quando há palavras. Mesmo que a palavra seja silêncio. Mesmo essa, fala. Queria fechar os olhos, tirar a roupa, despir o ego e ouvir meu coração bater em silêncio. Queria me reduzir a essência e de novo partir. Não ao contrario, não queria que a busca de uma vida fosse pela essência do que sou. Porque sou, ou fui, antes do caminho. E só depois, perdi pelo caminho o que fui ou sou.
Queria ser simples. Muito simples.
Queria formatar de novo.