domingo, 27 de abril de 2014

Tempo, tempo, tempo...


- Quanto tempo já passou?
- Acho que uma vida. Ou duas, talvez.
- Talvez.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Intenso



Demorei muito tempo para começar a ler o livro que estou lendo. Acredito que existe a hora certa para cada livro na minha vida. Aprendi que é melhor, ou mais prudente, não insistir. E nesse caso, a dor que o tema despertava em mim era tão difícil de aguentar que acabei deixando de lado por muito tempo.
O livro é sobre a morte, a morte de um amor. O texto é  real e verdadeiro. As palavras têm o poder de tocar todos os sentidos. É bonito e triste; e dói.
Preciso me corrigir, o livro fala da morte, mas percebo, a medida que avanço em suas páginas, que o livro é também, e sobretudo, a respeito da vida. A vida que segue, após a morte. A vida que precisa seguir, mesmo quando o amor não. Ver a vida deixar o corpo do seu amor, deve ser uma das experiências mais difíceis que um ser humano, que ama, pode passar. Mas, ver o corpo do seu amor, deixar a sua vida, também é. Perder um amor, seja ele para a morte, ou para vida, é sempre luto. Nunca mais tocar uma pessoa que se ama, seja pela morte, ou pela vida, também é.
Guardadas as devidas proporções, vida e morte, o fim é sempre o fim.
No caso da morte, não há outra escolha. A morte encerra e, fim.
No caso da vida, é a vida que encerra, e mesmo havendo a escolha, se faz e, fim.
Tenho pensando na morte, na vida, na casa que se deixa, nos planos de um futuro que se transformam em planos do passado. Tenho pensando no espaço, lugar, presença que amores ocupam na minha vida. Quando alguém que se ama, morre (mesmo vivendo), sempre se morre junto. Quem vive, é outra pessoa. Parece papo sem nexo, mas a morte (qualquer tipo de morte) não faz sentido. Nunca fez.
E acho que nunca fará.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

A chave que faltava para encontrar a saída.



Sempre existe algo ou alguém que salva. Por caminhos tortos, desvios da rota, surpreendentes e imprevisíveis. Sempre acaba existindo um pouco de magia, de encantamento, mesmo que tardio. 
No lugar mais improvável, pode haver a chave que faltava para encontrar a saída. 
A vida, enfim, mais do que apenas, a vida, enfim.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Não posso abrir mão disso, me desculpe.


Sou apegada às memórias, cartas, bilhetes, e-mails, mapa astral, cartazes, mimos, histórias. Sou apegada a demonstrações de amor, mesmo quando o amor acaba. Guardo tudo. Gosto de baú, dedicatórias em livros, cartas manuscritas. Cartas amareladas com cheiro de ontem. Bilhetes em guardanapo, em papel de pão, papelão e até na mão.
Acho que guardar palavras, para um dia reler, é uma forma de sentir de novo. Palavra escrita (endereçada a mim, escrita para mim, escrita por mim) é algo precioso e sagrado e, nesse caso, sou possessiva, precisam ser minhas e morar comigo. Me desculpe, não possa abrir mão disso.

domingo, 13 de abril de 2014

Soneto

Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono
Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo
Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída
Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio

Chico sempre Chico.

sábado, 12 de abril de 2014

ERROR OR NOT



Não sei. 
Não entendo. 
Não vi. 
Mas queria. 


foto: http://witchoria.com/

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Beijo na boca



Quantas vezes me perdi na sua boca? Nem sei. Mas consigo me lembrar de todas as vezes que me achei no nosso beijo. Desde o primeiro, o beijo do encontro, do reencontro, do reconhecimento. Aquele beijo que rompeu crenças antigas e trouxe novas perspectivas, resgatou um ser. Talvez dois, ouso dizer.
O beijo que selava a paz, depois de cada briga. O beijo que trazia o ar, depois de cada ausência. O beijo entre os livros, sagrado. O beijo na Biblioteca Nacional ... sobre ele, nada posso dizer.
Esse espaço, como um portal, uma dimensão alternativa, uma ausência do ser/estar e ao mesmo tempo a presença mais maciça e real. Era esse o espaço do nosso beijo. Eu contida no seus braços, minha alma na sua boca. Seus olhos, por momentos, meus.
Outros tempos .... outras bocas ... outros beijos...
Mas o que é sagrado fica, mesmo que em outra vida.

sábado, 5 de abril de 2014

Quase um alívio...



Deixar ir e não lutar. A hora, o momento, o lugar para deixar ir é algo cheio de sutilezas. Linhas tênues separam o que deve ser desapego (deixe ir) e a falta de esforço ou dedicação por algo (você precisa lutar). Qual o momento exato para entender que é hora de partir? Qual o lugar mais apropriado para entender que não adianta reter? Na praça do aeroporto ou nas entrelinhas? Fica aquele gosto amargo na boca (e no coração) de não ter tentado mais uma vez, a última. Mil vezes, a última vez.
Chega um tempo que é sábio entender, mesmo sem querer, que quem quer, fica. Quem ama, cuida. Que palavras doces, são só, e tão somente, palavras doces. Nem verdade, nem mentira, apenas palavras.
O entendimento pode acontecer em qualquer lugar, até no hall de um edifício comercial. Entre o sentimento da perda e da falta de qualquer tipo de humanidade que o ato possa despertar, surge, como o riscar de um fósforo, uma luz, mesmo que fugaz, um calor, mesmo que efêmero, um cheiro...de alivio. Hora de parar de se debater e aceitar, é hora de deixar ir ...

quarta-feira, 2 de abril de 2014

From hell

- Eu estou precisando de ajuda.
- Ajuda em quê?
- Na vida.

Houve um tempo em que esse tipo de pedido de socorro seria suficiente. Dá para imaginar o grau de desespero da pessoa ao escrever isso?
Mas vivemos tempos novos ... tempo que ao deitar, depois de pedir socorro de forma tão veemente e receber silencio como resposta, a pessoa faz uma oração pedindo para morrer essa noite. Não acordar.
I quit at all, estaria escrito do bilhete.
Morreu de quê? perguntariam.
Morreu por que não deu conta da vida.