quinta-feira, 26 de março de 2009

Coisas que começam pelo fim ...

- Por favor, responde! - ela pediu.

- Não consigo falar sobre isso. Não assim.

- Por favor, é importante - ela quase implorou.

- Não - e foi definitivo - Boa noite.

...........off line .............

Ela ficou estática, olhando para o monitor.
Não foram as palavras, foram as não-palavras.
Finalmente ela entendeu.
A revelação estava no silêncio, nas pausas, nas entrelinhas.
O mais estranho é que o entendimento não era consciente, as sinapses aconteciam alheias a ela. Ela sabia que estava próximo, quase podia ouvir seu cérebro trabalhando; e deixou que ele trabalhasse em paz. Foi dormir, feliz.
Rindo.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Uma carta - fragmentos

A,
Parece magia ... de repente me senti nua. E imediatamente soube que estava sendo lida por você; e enquanto seus olhos miravam minhas palavras era como se a mim olhassem, mas eu não estava vestida, era só meu corpo nu e minha alma deliciosamente exposta. E então, você passou a me ler em voz alta e era como se sua boca pudesse me tocar e eu senti seu hálito morno no meu corpo nu. E seu hálito era como pequenas asas tocando-me em leves caricias e todas essas sensações me transportaram para Sonho de uma noite de Verão.
E foi ai que eu percebi que não eram minhas palavras que você desvendava ao me ler, era a mim. E eu me senti ameaçada pela exposição extrema, e ao mesmo tempo o medo me excitava e me fazia querer ainda mais que você me desvendasse, até não haver mais mistério. Até que estivéssemos plenos de nós mesmos e fôssemos, não algo a se encontrar, mas como se já fôssemos o encontro. E a sensação de repente em meu corpo ficou quase insuportável, de boa e ruim ao mesmo tempo. Uma explosão de asas e toques sutis, meu corpo já não me pertencia e minha alma agradecia por isso. Enfim, adormeci e sonhei com uma linda noite de verão.
Com amor,
C.

(a carta faz parte do livro que finalmente estou escrevendo)

quarta-feira, 11 de março de 2009

Fazer ou não fazer sentido?

Eu queria desesperadamente fazer sentido,
até que li: "Quem faz sentido é soldado"
E agora, o que que eu quero mesmo?

quinta-feira, 5 de março de 2009

Declaração - parte I

Como eu pude subestimar o poder delas? Logo eu. Andei sem rumo por tanto tempo, negando quem eu sou, tentando arrancar de mim vestígios delas. Escolhi caminhos tão equivocados, cada vez me afastava mais, cada vez mais longe, longe de mim mesma. Neguei a força arrebatadora que elas sempre exerceram em mim. Fugi delas, enquanto fugia de mim mesma. Ficar sem elas era como ficar sem ar, como existir sem viver de fato, mantendo minha existência a apenas respirar, sem aspirar, suspirar, arfar.
Elas sempre mexeram comigo de uma forma visceral, com o poder de remexer minhas entranhas, de fazer meu coração disparar e meu sangue ferver circulando a toda velocidade.Têm a capacidade única de mexer em porções minhas intocáveis, porções que nem eu mesma conhecia. Tocam meu corpo e minha alma como nenhum amante ousou. Conseguem driblar as máscaras, os muros, as desculpas, as escolhas que fiz e chegar realmente até mim.

É tão óbvio, tudo tão claro agora, a luz me invade, meus olhos lutam para se acostumar... mas há em mim algo prestes a acontecer ...