sexta-feira, 28 de março de 2014

Viver e não ter vergonha de ser feliz.




Vinho é um bênção. 
Vinho sozinha é ótimo.
Vinho acompanhada é melhor ainda.
Vinho bem acompanha, com bom papo e risadas é um quase um milagre.

(adoro esse lugar)

sábado, 22 de março de 2014

Ninfomaníaca e os hábitos que não percebemos nascer.


Não sei quando, nem onde, foi a primeira vez que fiz isso. Acho que, como muitas coisas, começamos sem ter a consciência do que estamos fazendo e só percebemos quando é tarde demais. Tarde, porque virou parte da gente. Tarde demais, porque passamos a gostar daquilo.
Quando gosto muito de determinado trecho de um livro, preciso ler e reler mil vezes e assim sentir o gosto de cada palavra de novo, talvez seja uma forma de reter a sensação que as palavras causam.
Como é uma particularidade difícil de explicar, faz parte dos meus momentos de solitude. Fazia parte dos meus momentos de solitude. Ou fazia, apenas por um tempo. Nesse tempo, me imaginava lendo um livro em voz alta para um observador de olhos tão incrivelmente perspicazes, a ponto de perceber no meu corpo (ouso dizer, na minha alma), apenas por olhar, o que essas palavras causavam. O fato é que nunca cheguei a fazer isso nesse mundo real. Ficou apenas nos meus pensamentos.
Mas um dia, no meio de uma livraria lotada, me peguei lendo em voz alta o trecho impressionante de um livro (talvez com  a intenção de fazer as palavras chegarem aos olhos incrivelmente perspicazes), e percebi que chorava, as lágrimas choviam, procurei um lenço e os óculos escuros na bolsa, enquanto me dirigia ao caixa.
E como disse, acho que a gente só percebe que "aquilo" se transformou em um hábito, quando já é tarde demais. ...
Hoje ao ler a coluna no Contardo Calligaris na Folha de São Paulo ... "nossa cultura sempre tentou encontrar, no corpo, o lugar onde se esconderia a alma", me peguei de novo lendo em voz alta... e imaginando olhos incrivelmente perspicazes observando do sofá.
Hoje, ao ler a coluna do Contardo Calligaris na Folha de São Paulo ....    

quarta-feira, 19 de março de 2014

domingo, 16 de março de 2014

Seu lar e minha oração.

                                                  
Apenas o que é sagrado fica. Gosto de pensar dessa forma. Por isso também gosto de pensar que algumas palavras são sagradas, as de amor, com certeza, são. Essa crença me ajuda a atravessar os dias que me falta fé. Funcionam pra mim como pequenas orações. Hoje, por exemplo, fiz a seguinte oração: "Adoro quando você entra em casa" As palavras têm o poder de evocar o exato momento em que foram ditas, e celebro de novo a verdade delas. Tudo pode mudar, menos a verdade.
foto: https://www.facebook.com/papeletudo

sábado, 15 de março de 2014

Body and soul




Meu corpo tem perguntado por você cada vez com mais frequência.
Nas primeiras vezes, deixava pra me questionar à noite, depois do banho, naquele exato momento em que ao deitar, respiro fundo, buscando o ar que tem insistido em sumir.
Mas a partir da última chuva, a situação piorou. Meu corpo, como uma entidade independente, resolveu que poderia perguntar sempre que assim desejasse - [o desejo habita nele, não como algo contido em meus contornos que você sempre gostou de explorar. O desejo não está apenas na curva que insinua, ou sob a pele que um dia você tocou. Nem está apenas nas estrelas que iluminam meu corpo. Está em todas as células, e corre com o sangue e rouba o ar que tem insistindo em sumir ] - tipo, no meio de uma reunião, ou no trânsito caótico das 6 da tarde ou, ainda, no escuro da sala de cinema. E quando aos gritos pergunta, onde está você, simplesmente, silencio.

Ah, antes que você diga que apenas meu corpo - como se isso fosse algo menor - pergunta por você, já vou logo esclarecendo, a alma, probrezinha, já desistiu de chamar.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Definição

Por favor, você pode definir cansaço?



terça-feira, 11 de março de 2014

segunda-feira, 10 de março de 2014

domingo, 9 de março de 2014

Múltiplas mulheres


Eu não escolho, quando sento para escrever, nunca sei quem vai aparecer. São tantas aqui dentro, algumas nem conheço ainda. Outras, nem quero. Respeito todas, mesmo as que não aceito. São essas que mais me ensinam.
Algumas tomam o meu lugar, vivem em mim por um tempo. Usam meu corpo, embotam meus sentidos, e elas, não eu, gozam sem pudor algum. Gosto mais dessas mulheres que usam meu corpo do que gosto dos homens que por elas são usados.
Tive medo dessa frase, medo da censura. De novo, não minha, delas. Não sou eu, entende? São elas. Não, ninguém entende, e às vezes me canso de explicar. Elas não, elas são incansáveis e, belas. Meus Deus, como são belas essas mulheres.
Algumas não escrevem, só narram, nesse caso, sou eu a registrar o que elas têm a dizer. Outras não me deixam escrever. Essas são tristes.
Engraçado dizer assim ... essas mulheres, sempre no plural. Sempre coletivo, talvez por isso nenhuma tenha medo da solidão. Nunca estamos sozinhas. Ou sempre estamos, por ser assim, o nosso estado natural de ser e estar.
Ah, deixa para lá ... Não há muito a explicar, porque já aprendi, depois de muito pelejar, que palavras, muitas vezes, enganam a gente. Aprendi que nem toda poesia vem do poeta, que há trapaça, também do lado de lá. Nem toda palavra escrita é de verdade, nem há verdade em tudo que se diz. Aqui por exemplo, não há;


quinta-feira, 6 de março de 2014

Você não deve e pronto.

- Me deu até um arrepio, olha só - disse a cartomante me mostrando o braço - não vi o tal do arrepio, mas senti... um arrepio no meu corpo. Arregalei os olhos.
Ela sorriu ao me olhar, acho que percebeu meu desconforto, me remexi na cadeira.
- Viu, minha filha, foi a cigana que acabou de vir aqui me falar.
- Falar o quê?
- Falar que você não deve fazer o que você está querendo fazer.
- Não? Mas você tem certeza? A cigana pode ter se enganado.
- A cigana nunca se engana.
- Como ela sabe o que eu estou querendo fazer se eu nem falei ainda?
- A cigana sempre sabe.
- Sempre?
A cartomante fez que sim com a cabeça, parecia sem muita paciência.
- E o que eu não devo fazer?
- Isso ela não disse. Mas você deve saber, já que está querendo fazer o que não deve.
- Então, pergunta ai para ela.
- Não posso, ela já foi.
- Como já foi?
- Ela já disse o que precisava dizer.
- Ela pode ter errado.
- Ela nunca erra.
- Nunca?
Fez que não com a cabeça e emendou com voz firme, enquanto recolhia o baralho da mesa
- Não, minha filha. Você não deve  e pronto. E depois, não adianta vir aqui me dizer que não devia.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Palavras sem sentido, só porque é necessário dizer.

Não sei se entender é fundamental. Porque tem um monte de coisas que não entendo. As vezes, sou lenta, lenta demais. E no mundo frenético e instantâneo, ser lenta é mais do que um defeito, é um pecado. Perdão, senhor, acabei de pecar de novo. Com quantos pecados se pode viver (ou morrer) hoje em dia?
Entendi que isso cura. Não sei exatamente cura do quê, só sei, e isso por lentidão de entendimento, que preciso me curar. Tem dia que acho que preciso me curar da vida. Mas, tenho cá para mim, que não é a cura pela morte, que esse tipo de cura não faz sentido. Não se corta o órgão doente, se trata. Não se mata a vida, cura. Mesmo se não fizer sentido algum, é um recomeço. Preciso me lembrar como é. Preciso de novo dessa liberdade de escrever sem ser. Escrever pelo prazer de escrever, escrever sobre escrever, porque hoje escrever é algo maior. Demorei tanto para entender ... sou lenta até para morrer, e ainda mais, para viver.