sábado, 15 de março de 2014

Body and soul




Meu corpo tem perguntado por você cada vez com mais frequência.
Nas primeiras vezes, deixava pra me questionar à noite, depois do banho, naquele exato momento em que ao deitar, respiro fundo, buscando o ar que tem insistido em sumir.
Mas a partir da última chuva, a situação piorou. Meu corpo, como uma entidade independente, resolveu que poderia perguntar sempre que assim desejasse - [o desejo habita nele, não como algo contido em meus contornos que você sempre gostou de explorar. O desejo não está apenas na curva que insinua, ou sob a pele que um dia você tocou. Nem está apenas nas estrelas que iluminam meu corpo. Está em todas as células, e corre com o sangue e rouba o ar que tem insistindo em sumir ] - tipo, no meio de uma reunião, ou no trânsito caótico das 6 da tarde ou, ainda, no escuro da sala de cinema. E quando aos gritos pergunta, onde está você, simplesmente, silencio.

Ah, antes que você diga que apenas meu corpo - como se isso fosse algo menor - pergunta por você, já vou logo esclarecendo, a alma, probrezinha, já desistiu de chamar.

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