terça-feira, 27 de abril de 2010

Hoje me falaram que eu só penso em sexo.

Escrever para mim é uma necessidade, é como respirar, não dá para ficar sem. Mas é também um desafio, ser lida é um desafio, foi preciso coragem para criar esse blog sabendo que outros olhos iriam me ler. Já escrevi, coloquei um post no ar e minutos depois tirei... ataque de superego.
Hoje tive uma surpresa. Um amigo que me lê disse que se ele não me conhecesse acharia que eu só penso em sexo.
Veja bem, amigo. Lógico que eu penso em sexo, e você me conhecendo sabe que eu sou uma pessoa normal, que pensa em sexo como qualquer outra pessoa normal. Somos adultos normais, pensamos, praticamos, desejamos, a única diferença é que eu escrevo. Não de sexo, mas de sensações. Me faço em palavras quando escrevo.
Dentro desse contexto tenho uma confissão a fazer, quando eu escrevo estou nua, nua de mim mesma. Aqui, na minha janela, posso ser o que eu quiser ser e para isso preciso me despir da outra, da que vive no mundo real, entende?
Então, veja a situação em que me encontro: nua, escrevendo, enquanto penso em sexo. Não, não é verdade!! Eu tenho tentado escrever mais sensorialmente, o que é também um desafio, tentar transformar as palavras em sensações, queria que quem lesse pudesse sentir o que eu sinto. Os últimos posts foram assim ... sensoriais. Queria despertar os sentidos, os meus, os seus, os nossos, os do meu amigo acho que eu consegui.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Confissões dela na janela.

"Cara, que vontade louca de você, bem aqui, bem agora, bem em mim. De onde vem isso? Sinto, assim de repente, vontade de você. Vontade do seu cheiro, seu gosto, sua boca. Sei que você sente também, sei que você me sente mesmo quando não estou em você. Tem esse lance meio louco entre nós, esse lance que a gente não explica, mas que sente. Sente no corpo, em sensações crescentes. Essa coisa meio doida que faz a gente roubar alguns minutos do dia para que nossas bocas possam falar as coisas que não falamos. Ai que vontade do seu calor me envolvendo, não só meu corpo, mas o resto que só você vê. Desejo por sentir sua boca percorrendo meu corpo, meu eu, aquele que só sua boca vê. Desejo de sentir suas mãos percorrendo meu ser, aquele que só você sabe onde habita. Queria seus olhos em mim, para me sentir vista. Para que eu existisse, assim, só para você, bem aqui, bem agora."

domingo, 11 de abril de 2010

Gosto de Chuva

Nesses últimos dias passaram-se anos. Tanto tempo se passou desde quarta-feira. Li um livro, vi um filme, escrevi um conto, descobri um caminho, percorri um corpo, vislumbrei uma alma, vivi um amor. Chorei lágrimas profundas, sorri um sorriso raso. Fechei os olhos, bebi vinho, derramei vinho, fui vinho. Senti seu gosto, me dei de presente, deixei que me bebesse entre goles de vinho derramado. Você bebeu minha boca e me disse que tinha gosto de chuva. Sorrio ao lembrar da sua resposta. Temos sim, gosto de chuva.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Um Grito

Eu falando e você me olhando em silêncio. Eu falando um monte de absurdos e você ainda me olhando em silêncio. Eu ainda falando e você me olhando e quando você me olha essas coisas que eu estava falando vão aos poucos perdendo o sentido.
E o que eu queria é que você ocupasse minha boca com a sua, ocupasse seus olhos com os meus, ocupasse o espaço entre nós com sua presença. Queria que você calasse minha boca com sua respiração, que você respirasse meu ar, me retendo ai dentro, no mesmo lugar onde tenho habitado, onde me sinto em casa, no sentido mais lar da palavra. Você já sabia quando eu disse.
Como você já sabia de tantas coisas antes de eu dizer. E eu não queria estar certa, não queria que esse tipo de certeza prevalecesse entre nós, porque não somos feitos da mesma matéria dessas certezas mundanas.
O que é certo, o que é errado? Depende de quem vê, depende do que vê. Seus olhos viam a mim. E eu sei, mesmo sem dizer, que você me via, além de mim, do mesmo jeito que você já meu viu tantas vezes, desde a primeira, lembra?
E a gente finge que algumas palavras nunca foram ditas, pra poder roubar um pouco mais de tempo, para esticar ao máximo a presença, o estar junto. Para que a despedida nunca seja longa, para que a gente só diga até amanhã. Mesmo a gente sabendo, a gente sempre sabe... E seu silêncio me disse tanto e eu tive vontade de gritar. Gritar para você voltar pra perto, para ficar comigo ... mas você já estava tão longe ... e eu estava na chuva.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Existe amor que é demais?

Eles se olharam. Aquele olhar parecia conter palavras não ditas, palavras que não precisavam ser ditas. Bastava um abraço, bastava respirar o mesmo ar, bastava a presença dele, nela. E o corpo já não podia com tanto sentir, milhões de células sentindo e mesmo assim, dividido, era muito.
Uma vez ele disse que a alma precisava dos seus corpos para falar. E era isso, ela sentia que seu corpo traduzia literalmente o que ia pela alma. E todo aquele sentir causava assombramento, tirava o chão, mudava as perspectivas. Dava medo, tesão, fome. Invertia valores, prioridades, necessidades. Tirava o ar, fazia o coração bater descompassado...
Existe amor que é demais? Não, amor nunca é demais. Nunca.