sábado, 30 de janeiro de 2010

Muito querer.

Eu queria ser disciplinada, usar meia calça e só sair maquiada. Eu queria ser vegetariana, andar descalça e usar bata. Eu queria aprender francês, italiano e javanês. Eu queria ler em braile, falar em libras e dançar tango. Eu queria ser sensata, usar franja e conhecer a França. Eu queria ter asas, escrever com pena e transar na sala. Eu queria escrever um conto, achar o ponto e indicar no mapa. Eu queria beijar na boca, brincar de louca e ficar rouca. Eu queria aplicar na bolsa, falar de futebol e entender de política internacional. Eu queria usar vestido sem calcinha, sentar de perna aberta e não perder a linha. Eu queria gozar à beça, dizer besteira e fazer a festa. Eu queria plantar baobás, escrever um romance e embalar uma criança. Eu queria não ter tantos quereres e sem querer ... eu queria ... adormecer.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Gentilezas 2

Eu ajudo duas instituições que atendem crianças.
Todo mês o mesmo motoboy vem buscar a doação. Hoje ele chegou, sorriu, me desejou feliz ano novo (- acho que não nos vimos ainda esse ano!), dei o dinheiro para ele e ele me deu os comprovantes.
Vi que ele me olhou com olhos que sorriam e disse:
- Se eu fosse seu pai te daria uma bronca agora.

[Fiz cara de oquequevocêdisse?]

- Porque você está descalça aqui fora.

Olhei para meus pés e ri.
carpir
que o mato tá grande, a grana curta e a dor intensa

Muito querer, quase sem querer.

Eu queria ser disciplinada, usar meia calça e só sair maquiada. Eu queria ser vegetariana, andar descalça e usar bata. Eu queria aprender francês, italiano e javanês. Eu queria ler em braile, falar em libras e dançar tango. Eu queria ser sensata, usar franja e conhecer a França. Eu queria ter asas, escrever com pena e transar na sala. Eu queria escrever um conto, achar o ponto e indicar no mapa. Eu queria beijar na boca, brincar de louca e ficar rouca. Eu queria aplicar na bolsa, falar de futebol e entender de política internacional. Eu queria usar vestido sem calcinha, sentar de perna aberta e não perder a linha. Eu queria gozar à beça, dizer besteira e fazer a festa. Eu queria plantar baobás, escrever um romance e embalar uma criança. Eu queria não ter tantos quereres e sem querer ... eu queria ... adormecer.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O carnaval chegando ...

"E eu que andava nessa escuridão
De repente foi me acontecer
Me roubou o sono e a solidão
Me mostrou o que eu temia ver
Sem pedir licença nem perdão
Veio louca pra me enlouquecer
Vou dormir querendo despertar
Pra depois de novo conviver
Com essa luz que veio me habitar
Com esse fogo que me faz arder
Me dá medo e vem me encorajar
Fatalmente me fará sofrer"
...

Filosofias sobre o ponto; o exato lugar do ponto final.

O ponto? O exato ponto?
É que a vida é assim mesmo, a vida como ela é,
e ponto.
Ponto final.
Não é?

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Sentir é isso ... simples assim.

Simples assim. E querer dar nome, rotular, entender, perguntar, esmiuçar é o contrário do simples assim. Sentimos tudo isso que não entendemos; simples assim. Queremos coisas que não entendemos; simples assim. Fazemos coisas que não entendemos; simples assim.
Quem é que disse que temos que saber tudo? Mas, no fundo, bem no fundo, no espaço em que é simples assim, nós sabemos. E é, por saber, que sentimos, mesmo sem achar sentido. Por Deus, como tudo isso faz sentido, bem lá no fundo, no espaço do simples assim. Faz sentido, não faz? Somos, afinal, de uma simplicidade explícita. Entendo, enquanto explico, só não tento explicar a gente, que pra isso não tenho outra explicação, a não ser: sentir é isso ... simples assim.

Tinha que ser o Chico.

Valsa Brasileira

Composição: Edu Lobo / Chico Buarque

Vivia a te buscar
Porque pensando em ti
Corria contra o tempo
Eu descartava os dias
Em que não te vi
Como de um filme
A ação que não valeu
Rodava as horas pra trás
Roubava um pouquinho
E ajeitava o meu caminho
Pra encostar no teu

Subia na montanha
Não como anda um corpo
Mas um sentimento
Eu surpreendia o sol
Antes do sol raiar
Saltava as noites
Sem me refazer
E pela porta de trás
Da casa vazia
Eu ingressaria
E te veria
Confusa por me ver
Chegando assim
Mil dias antes de te conhecer


[Agora, me diga, Chico, como você faz uma coisa dessas??]

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Para não esquecer.

"Não podemos crer na total transparência dos seres, é necessário aceitar que os outros tenham segredos, regiões de SOLITUDE. A maior prova de amor será colocar-se à distância e não querer ai penetrar."

(Cada vez mais eu entendo a dimensão dessas palavras)

domingo, 24 de janeiro de 2010

Olha, presta atenção, quero falar

Olha, presta atenção, quero falar. Na verdade estou tentando falar. Estou tentando resumir tudo em palavras, resumir essa pergunta oqueéissoqueháentrenós, e sabe? O resumo só não é possível, como também não cabe. Não há palavra para dizer. O jeito é sentir, sentir escancarado, sentir esse troço meio doce, amargo, agridoce. Sentir as borboletas que insistem em voar, todas elas, ao mesmo tempo. Sentir a chuva, lá fora e aqui dentro. Sentir os pingos, lá fora e aqui dentro. Não há jeito ou há? E o jeito que há... Não, eu não sei, estava aqui sentada, pensando e quanto mais eu penso, mais em sinto e o sentir cresce de uma forma que dói, mas não sentir também não é dor? Ou é oposto de tudo isso? A porta, sabe? A porta que abrimos, você escolheria diferente? Escolheria não abrir? A comoção das palavras, o arrebatamento das palavras é um caminho sem volta. Eu deveria ter avisado antes, mas como? Eu também não sabia. O que sei, nesse exato e preciso momento, é que as estrelas me mostram o caminho ... e nem é noite ainda.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Obrigada, Leminski.

Eu, hoje, acordei mais cedo
e, azul, tive uma idéia clara.
Só existe um segerdo.
Tudo está na cara.

*****************************
Incenso fosse Música

isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além.

******************************

gardênias e hortênsias
não façam nada
que me lembre
que a este mundo eu pertença

deixem-me pensar
que tudo não passa
de uma terrível coincidência

*******************************

rio do mistério
que seria de mim
se me levassem a sério?

*******************************

primeiro [frio]* do ano
fui feliz
se não me engano


Tão bom quando a gente encontra tantas respostas em um lugar só. Obrigada, Leminski. Distraídos Venceremos, afinal.

* grifo meu.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Nos seus olhos.

Ela é estranha, de uma estranheza difícil de entender, possui o seu próprio conjunto de valores, ideias, clichês, teorias. Entende que, às vezes, em ocasiões raras, ela não consegue fazer encaixar suas concepções. Nesses momentos, bem específicos, em que vários dos seus eus se encontram, ela, cheia de si, transborda. E só então, olhos, muito especiais, conseguem vê-la. E por ser vista, assim, tão despida e vestida, ela, de súbito, toma consciência de que existe, de fato, nesse mundo real.


[Nada como vírgulas para respirar aliviada]

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Relendo " O Encontro Marcado"

"- Besta-Fera, está uma tarde belíssima. Vamos à Pampulha tomar uma cerveja.
- Você está doido? Não posso de jeito nenhum.
- Não analisa não.
Era a palavra de ordem, espécie de lema que comandava o destino dos três, diante do qual nenhum obstáculo se sustinha. Acordo tácito, compromisso de honra: não analisar, porque do contrário surgiriam problemas, todos tinham seus problemas. Esmiuçando motivos, prevendo consequências, nenhuma atividade seria possível, a vida perderia a graça. Tinham de viver em cada momento uma síntese de toda a existência, não analisar jamais!
Mauro abandonou sua pasta de remédios no meio-fio."

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Meu Cruzeiro do Sul

Morei dos 3 aos 17 anos na mesma casa, na minha casa. Me lembro de olhar pra céu (na minha terra tem o céu mais lindo do mundo) e ver ao fundo o Cruzeiro do Sul, era uma referência muito forte. Cresci nessa casa, andei de bicicleta, pulei amarelinha, aprendi a nadar, plantei minha primeira árvore [aos quinze anos, meu pai me deu de presente um pessegueiro e nós plantamos juntos] o primeiro beijo, namorar no portão, muitas primeiras coisas aconteceram nessa casa ... Aos 17 anos vim para cá, fazer faculdade, mas ainda tinha a minha casa nas férias. E aqui, quando a saudade apertava eu olhava pro céu procurando o Cruzeiro do Sul, (nas raras noites estreladas eu achava!) e nesse momento eu sabia onde deveria ir, onde ficava a minha casa e sobretudo, sabia como me sentir em casa, mesmo longe. Isso se repetiu muitas vezes. Quando eu escolhia um caminho errado e me perdia, sabia onde encontrar meu lar. Meus pais mudaram de lá, mas aquela casa é ainda a maior tradução de lar para mim. Ontem eu fiz meu próprio Cruzeiro do Sul (uma tatoo!) e agora, ir para casa, ficou muito mais fácil.

Uma boa idéia!


[clique na imagem para ler]

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O cinema americano e a bossa nova.

Trabalhávamos juntos, nós três. Eu, ele e ela. Éramos muito amigos. Sexta-feira era o dia sagrado do happy hour, outras pessoas variavam, mas nós três estávamos sempre lá. Depois de algumas cervejas, às vezes uma tequila ("para puxar angústia") muitos desabafos. Era um tempo intenso aquele, queríamos tanto, sabíamos pouco ... Dividíamos dúvidas, angústias, erros (muitos!), acertos (poucos!) e ríamos. Ele era o mais pragmático, sempre repetia que tudo aquilo era culpa da bossa nova e do cinema americano. Tudo aquilo em questão era o que queríamos e não tínhamos: amores intensos, finais felizes, relações inteiras, empregos dos sonhos, realização profissional, essas coisas que queremos com 20 e poucos anos. Eu defendia a bossa nova, como que o 'barquinho vai, a tardinha cai' poderia ter culpa???? ... e nós ali defendendo o cinema americano... e a bossa nova e ... as possibilidades ... eram tantas e ainda são ... ainda bem!!!


"podem ficar com a realidade
esse baixo astral
em que tudo entra pelo cano
eu quero viver de verdade
eu fico com o cinema americano"

Leminski

domingo, 17 de janeiro de 2010

Dúvida

Palavras divididas, não são palavras inteiras, ou são??

sábado, 16 de janeiro de 2010

OquequeéISSO, meu Deus?

"Tomas não sabia então que metáforas são uma coisa perigosa. Não se brinca com metáforas. O amor pode nascer de uma simples metáfora ...

Em trabalhos práticos de física, qualquer aluno pode fazer experimentos para verificar a exatidão de uma hipótese científica. Mas o homem, por ter apenas uma vida, não tem nenhuma possibilidade de verificar hipótese por meio de experimentos, por isso não saberá nunca se errou ou acertou ao obedecer a seu sentimento ..

Todos acreditamos que é impensável que o amor de nossa vida possa ser uma coisa leve, uma coisa que não pese nada; achamos que nosso amor é o que devia ser; que sem ele nossa vida não seria nossa vida...

Tereza sentiu a tripulação da alma se lançar sobre o convés de seu corpo"...

de a Insustentável Leveza do Ser

E ai o Chico canta .."E me beija com calma e fundo até minha alma se sentir beijada"
.
.
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Eu tenho que ir ali fora tomar um ar (ou uma chuva!)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Um pouco de Bandeira.

ARTE DE AMAR
Se queres sentir a felicidade de amar,
esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
(Manuel Bandeira)
.
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Eu já conhecia essa poesia no dia que vi Edson Nery da Fonseca declamando-a (apesar de não concordar totalmente com o Bandeira gosto da possibilidade dela). Foi em uma das mesas literárias mais lindas da Flip. O Edson é um senhor fofíssimo que com 87 anos sabia esse poema (e vários outros) de cor. E ao ser indagado pelo mediador se ele já havia "usado" o poema com alguma mulher, ele riu e disse: - Claro, com muitas!
Foi nesse dia que entendi que poesia também embriaga.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Um Alento!

Têm dias nublados
que só nublados são.
Mas têm DIAS nublados
que a gente consegue perceber

o SOL

fazendo força para aparecer.


É tão bonito de ver!

Aos bons amigos.

Ontem fui almoçar com um grande amigo, é o mesmo amigo no mesmo restaurante indiano que almoçamos há 2 anos, foi um dos primeiros posts que eu fiz aqui. [Na busca pelo post antigo, acabei lendo outros ainda mais antigos, o que me levou em uma viagem para dentro de mim ... e foi muito bom perceber o tanto que eu caminhei, o tanto que eu conquistei de mim mesma escrevendo aqui. Redenção foi o que senti.]

Mas, voltando ao almoço com o amigo, foi muito divertido, é bom demais ter amigos que podemos falar, falar, falar, ouvir, ouvir, ouvir, e rir, sobretudo, rir de nós mesmos. É bom falar coisas sem pensar ... defender meus pontos de vista fazendo com que ele reveja as suas decisões. O melhor de tudo é falar sem medo de ser julgada sabendo que o amigo me conhece tão bem que sabe as razões que não são ditas, e mesmo assim, ou por isso, é meu amigo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Assunto recorrente, esse, da chuva.


"Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando" Ana Terra - O Tempo e o Vento




A chuva caia lá fora e eu pensando aqui dentro, pensando nas coisas importantes que aconteceram na minha vida quando chovia, minha memória está repleta de chuvas. Algumas boas, outras nem tanto. Algumas vezes choveu só nos meus olhos, em outras, todo o meu corpo choveu, como a chuva que agora cai lá fora ... Paixões antigas que começaram na chuva, tantas chegadas, tantas partidas, tanta vida acontecendo e, sempre, a chuva, lá fora ou aqui dentro.

De tanto te esperar/Eu quero te contar/Das chuvas que apanhei/Das noites que varei/No escuro a te buscar/Eu quero te mostrar/As marcas que ganhei/Nas lutas contra o rei/Nas discussões com Deus/E agora que cheguei ...

Não quero falar sobre ISSO.


(escrevendo em caderninho)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O Amor é Importante ...

Sou diferente, tenho por essência licença poética, e não tenho receio de fazer uso da poesia em meio ao caos urbano. Poderia ser eu a que enfeita seus viadutos, poderia escrever neles minhas palavras. Escreveria embaixo IMPORTANTE PRA CARALHO! Sobre o amor, sabe? Ficaria bonito de ver o amor assim: O Amor é Importante, porra. IMPORTANTE PRA CARALHO! E com isso selaria a sentença de forma absoluta. E, ficaria imaginando você passar por ali, enquanto corre em direção às suas escolhas. Por um segundo, você me leria e, ao me ler estaria me vendo, porque sou eu ali estampada e não minhas palavras. Possui-las é como me possuir e ler-me é uma forma de me ter. Mas isso, meu amigo, é segredo que conto apenas para você. Não, não conte a ela que eu lhe disse. Ela não é o tipo que cora, mas também não é o tipo que se expõe. Tenho lido suas palavras, aquelas que não são direcionadas a mim, mas devo confessar que leio como se fossem,

Meu corpo, seu violão.

Ela adorava ficar olhando, pena ele ter feito isso tão poucas vezes, tocar para ela. Era tão bonito de ver a gentileza dos dedos tocando as cordas, cada nota, única. A dança das mãos, o olhar compenetrado, ele e seu violão. Quer tocar outro violão? ela perguntou. Queria saber como seria ser tocada na mesma forma. Cada toque, uma nota, ela prometeu. Ele sorriu encabulado. Ela garante que foi música de maior qualidade a que se ouviu naquela noite.

(post antigo, mas agora com um singelo objetivo - incentivo!!!)
De tanto te esperar

Eu quero te contar

Das chuvas que apanhei

Das noites que varei

No escuro a te buscar

Eu quero te mostrar

As marcas que ganhei

Nas lutas contra o rei

Nas discussões com Deus

sábado, 9 de janeiro de 2010

For You!

Hoje eu tomei a melhor chuva do mundo. Eu estava no meio do caminho e a chuva começou de mansinho, uma garoa, carícia. E eu pensei, dá para ir, mas a chuva foi aumentando e eu adorando ... percebi que eu não tinha pressa, e a chuva caia e eu ria dela e de mim e as pessoas corriam e eu ria. E as pessoas me olhavam e eu ria. Eu vi um casal triste que se escondia da chuva, vi um casal de mãos dadas correndo na chuva, duas amigas, uma mãe quero-quero, muitos pára-brisas, poças d´água e guarda-chuvas. Vi a chuva do meio do bosque, vi as arvores rindo-se. E eu estava molhada, com a blusa branca transparente e no meu ouvido os Titãs gritavam Não vou lutar contra o que sinto... Olhei um lugar que poderia me proteger. Mas aquilo me pareceu de um mau gosto infinito e a chuva me chamou de volta. Voltei. E os Titãs gritaram mais alto ... Não vou negar o que é tão claro ... e a chuva estava em todas as partes e me abraçava, gotas caiam nos meus olhos, escorriam pela minha boca e eu era chuva também. E a verdade explode cada vez que eu minto...

Chuva de Verão

Sai para caminhar e no meio do caminho aconteceu a melhor chuva do mundo. E, percebi que de repente eu não tinha pressa, e a chuva caia e eu ria dela e de mim mesma, e as pessoas corriam e eu ria. E as pessoas me olhavam e eu ria. Eu vi um casal triste que conversava protegido da chuva, e vi duas amigas que riam pedalando as bicicletas e uma mãe quero-quero protegendo seu filhote. Vi a chuva do meio do bosque, vi as arvores rindo-se. E eu estava molhada, com a blusa branca a essa hora transparente e no meu ouvido o Titãs gritava Não vou lutar contra o que sinto... Eu estava perto do Museu, lá poderia caminhar protegida da chuva, fui. Mas, aquilo me pareceu de um mau gosto infinito e a chuva me chamou de volta e eu ... eu voltei. E os Titãs gritaram mais alto ... Não vou negar o que é tão claro ... e a chuva estava em todas as partes e me abraçava, gotas caiam nos meus olhos e escorriam pela minha boca e eu era chuva também. Eu ria. " E a verdade explode cada vez que eu minto" ...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Tem dias nublados

que só nublados são

Mas tem dias nublados

que a gente percebe

o sol fazendo força para aparecer

É tão bonito de ver!

Brincando de Louco

Ela queria dizer tantas coisas, não gostava de censura e abominava a auto-censura, mas achava que a sensatez e a insensatez são relativas. O sensato de hoje pode ser o insensato de amanhã, mas como saber, se é hoje que se deve tomar uma decisão? Na verdade, ela sabia que não havia decisão nenhuma para ser tomada, tudo era, apenas isso, era e, é. Sem que ela com seus conceitos malucos, suas meias-palavras e suas entrelinhas pudessem fazer nada. É e pronto, sou porque é. Ela sentia tudo, com tanta intensidade, que há dias não respirava, e não ousava dizer, porque dizer é tornar concreto e de concreto chega o Mundo ao seu redor.
Ele havia se enganado, não é de faz de conta que ela queria brincar, nem de castelos onde seria rainha, não é nesse mundo que ela queria ficar. Mas como dizer isso? Ela se esforçou tanto para chegar e quando chegou teve medo, medo de não saber o que fazer dai para frente, medo de ser sensata, e entender que a sensatez não é o oposto da loucura, mas que a sensatez é a loucura. A sensatez é como brincar de louco. Não, ela não queria ser sensata e entendia que palavras como sensata, formidável, razoável não faziam parte dela. Na maioria das vezes ela fala demais, escreve demais, brinca demais, sente demais, sem que essas ações estejam necessariamente ligadas. Mas, ontem, à tarde, depois das três, enquanto chovia e o céu era cinza, ela entendeu e por entender não disse o essencial, disse palavras rasas, de sentimentos rasos. E depois se sentiu rasa como suas palavras, vazias. Dessa vez, não. Sabe que está sendo insensata, mas adora brincar de louco, mas tem que ser de louco lúcido ... que é muito mais legal!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

ISSO e aquilo.

Esses dias estava conversando com uma amiga, tentando explicar o meu conceito de ISSO. O ISSO em questão era esse ISSO que a gente sente de vez em quando, aquele sentimento meio arrebatador, que faz o coração bater mais forte, que faz a gente esperar uma ligação, quase com angústia, que dá aperto no peito, que não deixa a gente dormir, nem comer, e no meu conceito, nem viver direito. Ou que faz a gente viver demais. Talvez seja ISSO!!, pensei, mas não disse. Tudo depende da perspectiva do ISSO, você pode ser O ISSO de alguém que não desperta em você ISSO. Nesse caso, é complicado, mas contornável. O difícil é ser ISSO para alguém que é ISSO para você. Ai, sai de perto, porque sempre vai dar n´aquilo, e aquilo é um troço bom, vá lá, é ótimo, mas ... tem reticências e com reticências em não brinco, eu respeito. O papo ia muito bem, ela quase estava entendendo o tal do ISSO a que me referia, mas ai, quis dar um exemplo prático, tipo coisa que aconteceu, tipo pessoa real, de carne e osso, não era uma situação hipotética ... Tive que me render, não teve conceito de ISSO, nem daquilo, nem de nada mais. Reconheci que, às vezes, minhas teorias não servem, estão obsoletas ... e o que me restou foi rir de mim mesma, rimos juntas e, lógico, habilmente, mudei de assunto.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Os Reis Magos e o Meu Reizinho

Hoje meu filho faz 6 anos, é super clichê dizer que o tempo voou, mas é esse meu sentimento ao olhar para ele. Filho é bom demais, e muda realmente tudo. Lembro do meu primeiro olhar para ele e de sentir um amor tão grande, um amor que eu nem sabia de onde vinha, mas que me inundava, foi amor à primeira vista mesmo. Sei que nem sempre é assim, mas no meu caso foi. Ele nasceu no dia dos Reis Magos e esses reis tão distantes passaram a ter outra importância, gosto muito mais de Melchior, Gaspar e Baltazar, eles são os caras! E o Vini é meu carinha!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Os nãos bons e os nãos que só são.

Mal acabei de escrever o post de ontem e a vida veio de novo rir da minha cara. Eu estava tão certa de que finalmente tinha achado o meu caminho, já estava fazendo a mala e me preparando para trilha-lo e ai vem a vida e diz: - Tsc, tsc, não por aqui. Como assim? D. Vida - Não por ai??? Então por onde? Ela não disse, só limitou a me olhar com grande olhos, não havia deboche nos seus olhos, nem piedade, mas eram grandes olhos cheios de vida. Sorri para ela, depois, sozinha, chorei um pouco. É isso ai, como diria uma amiga. Tem certos nãos que são bons para gente. Não é só uma forma de dizer sim, só que ao contrário. Depois de chorar, ri de mim mesma. É que tristeza é igual a alegria, só que ao contrário.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Vamos de mãos dadas.

Sou lenta para tomar decisões, protelo, pondero, penso um milhão de vezes.. sempre invejei Eduardo Marciano e seus amigos do Encontro Marcado e o acordo entre eles: Não Analisar Jamais. Quem me dera. O fato é que analiso. E depois de criteriosa analise eu havia tomado uma decisão. Mas ai vem a vida e me mostra novas possibilidades, novas saídas, alternativas diferentes. Vem a vida e me faz olhar pra trás e me surpreender com memórias que eu julgava esquecidas, como a melhor cantada que já recebi, os presentes mais marcantes, o elogio mais lisonjeiro. Me surpreendi ao perceber que essas pequenas memórias vem de um lugar só. Um lugar que eu julgava passado, superado. Vem a vida e me mostra que há muito mais .... que estamos só começando, não só porque vejo uma infinidade de sucessão de dias, mas porque estamos mesmo só começando. Começando com o pé direito, começando de mãos dadas, começando um ano novo.

"Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas"

Via Iluminada

Vamos de Mãos Dadas!

Exatamente à meio noite, estava cantarolando


"Esse ano, quero paz no meu coração

Quem quiser ser meu amigo

Que me dá a mão!"





"O presente é tão grande, não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. "