terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Lá, onde faz sentido ...

Ela suspirou, o ar precisava entrar, às vezes, respirar era difícil. Só ela sabia o que acontecia por dentro, quando por fora havia uma calma complacente, não que dentro não houvesse. Mas era dentro que suas batalhas eram travadas: ela com ela mesma, com seus conceitos, com suas teorias, suas idiossincrasias, só para ela faziam sentido, e, nos dias mais quentes, nem para ela.
Era isso, ela estava ali, com ele, parecia tão fácil e era fácil, uma facilidade estranha porque não deveria ser, mas era. E havia também uma intimidade nova, como pessoas que se conheciam há tempos, ser ela era fácil, mas perigoso, porque havia tanto em jogo. Tentava não pensar, por isso suspirava. Tudo o que estava acontecendo com ela era de uma intensidade dolorida, mesmo a dor era boa.
Como se pode sentir saudade de algo que não se tem? Ela sentia. E por Deus, como ela andava sentido, tudo, de olhos fechados. Ontem, quando ficou muito difícil, e a facilidade a assustou, discretamente, fechou os olhos, e sentiu. E lá, onde sentir era fácil, tudo fez sentido, e nesse precioso e exato momento, como que adivinhando seus pensamentos, ele apertou mais forte sua mão.

4 comentários:

Sylvia Araujo disse...

Você veio num crescente tão lindo e tão mágico que, se ele não apertasse mais forte a mão dela, ia ter briga. Te juro.

Delícia de ritmo.
Venho olhar mais por essa janela. Ah, venho!

[P] disse...

Ai, que lindo! Um final doce, suave! E sei bem o que é isso de ser furacão por dentro de calmaria por fora...

Um beijo!

Ju Haghverdian disse...

Só os seres que habitam as profundezas sabem o que se passa nesse oceano de superfície calma!


Clarice... eu vi o trailer do filme do Vinícius, que amor! Vamos ver se consigo convencer o papai para me mandar em breve, sabe como é né, o tempo passa, o tempo voa, mas continuo sendo a bonequinha do papai, sempre dá pra correr pra ele nesses momentos =D

Brigada pela dica
Bjos

Clarice disse...

Sylvia, seja bem vinda, que palavras boas as suas, obrigada.
Venha sim, venha sempre me visitar.

P, nem me fale em furacão ... nem me fale...

Ju, superficie calma e mar em fúria, tudo junto.
Peça para o papi sim, nada como ser a bonequinha do papai, não deixe de ser nunca. beijos