sábado, 4 de setembro de 2010

Lágrimas

Ainda não, as lágrimas teriam que esperam mais. O telefone tocou, a porta bateu, o cachorro latiu, alguém chegou, o filho perguntou e as lágrimas foram adiadas mais um pouco. Quando eu estiver sozinha, ela pensou. E a vida seguia acontecendo.
Almoço servido, dentes escovados, filho na escola. Sozinha no carro. Agora! Alguém buzinou, a música tocou. O sinal abriu. O mundo andou. Choro foi de novo adiado. Mais tarde.
Estacionou no trabalho, sorriu para todos. Respondeu e-mails, abriu planilhas. Terminou o planejamento, fez uma reunião. Sorriu mais um pouco. Fechou o computador. Pegou a bolsa, deu o último sorriso e foi.
Entrou no carro, colocou óculos escuros, desligou o rádio. Desligou o celular. O sinal fechou. Ninguém buzinou. O guarda não multou e finalmente ela chorou.
Chorou sozinha, dentro do seu carro, sem música, sem testemunhas, parada na esquina.
O sinal abriu, alguém buzinou, o mundo voltou, ela chorou mais um pouco, mas no fundo, sorria.

2 comentários:

Anônimo disse...

Porque chora? Me preocupo com ti

Poeta Mauro Rocha disse...

lágrimas...Limpa os olhos, purifica a alma....

Tenha um ótimo domingo.