sábado, 29 de maio de 2010

Onde tudo começou e onde uma história ainda é contada.

Ele relia suas próprias palavras.
Palavras que não eram mais dele, agora eram dela. Ele disse que nunca fazia esse tipo de coisa, mas com ela foi diferente. Tudo começou com um convite, um convite para cinema. Ela disse que não poderia aceitar, não habitavam o mesmo mundo. Era verdade. Ele ficou interessado e insistiu, queria entender aquele enigma. Ela deu pistas, decifra-me ou terei que devorá-lo. Ela ainda não o devorou, mesmo não tendo sido decifrada. E muitas palavras foram ditas, cada vez mais próximos, cada vez mais perto. Ela contou segredos que não costumava contar a ninguém. E não sabe explicar por que fez. Ela também não fazia esse tipo de coisa. Mas fez, com ele fez. E as palavras não bastaram, as palavras eram apenas o caminho. Ela desceu as escadas, ele a viu. O coração batia dos dois lados. Isso também não foi suficiente. Ela aceitou o convite, foram ao cinema. O coração bateu, as mãos se tocaram. Mas isso também já não bastava, precisavam de mais, mais dele, nela, mais dela, nele. Beijaram-se. Beijo bom aquele. Desse dia ela se lembra da forma como foi vista, como seus olhos decifravam ela. Precisavam de mais. Mais de cada um. E as palavras, sempre as palavras, mais as bocas, abraços, línguas, cheiros, gostos, carinhos, olhares, trocas, livros, juras, encontros, corredores, árvores, contos. Tudo isso ao mesmo tempo, e quando menos se esperava, havia ali uma história de amor.
Uma história que eles contavam, com suas próprias palavras ...

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