quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Na vanguarda.

Ela andava muito perceptiva, intuitiva. Os pensamentos pareciam borbulhar dentro dela. Ela sabia, mesmo sem saber como, sabia. E, por algum tempo, bastou. Ela estava ali, em pé, esperando, porque queria esperá-lo, gostava de saber que podia esperar o tempo que quisesse. Era dona do seu tempo, do seu desejo. Podia fazer o que bem entendesse e fazia. Ela não se importava com o tempo dos outros, queria fazer os caminhos se cruzarem, queria uma brecha no tempo-espaço dele, queria poder existir ao mesmo tempo que ele, mas sabia que por hora isso não era possível. Eles não poderiam coexistir, mas existiam. Mesmo sem poder existir. A própria existência dela era um desafio à existência dele. Mas o coração no peito que batia descompassado era prova mais do que suficiente de que existiam, duas almas. Ela e ele, ambos sabiam.
Ela aguardava que um dia ele entendesse o que tinha para oferecer. Era precioso demais para não ser valorizado, mas não é isso vanguarda?

3 comentários:

Anônimo disse...

Existir sem coexistir? Pode ser uma dádiva ou uma maldição. Mas o inverso acho que é pior, coexistir sem existir, de fato e de direito.
Não é mesmo, amada amiga?

Terceira Margem disse...

Perfeito! Coexistir sem que seja possível existir...

Terceira Margem disse...

Perfeito! Coexistir sem que seja possível existir...