segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Carta a um Jovem Amigo, a um velho amigo e a um amigo que parte.

Eu guardei você, nunca quis deixá-lo ir, não conseguia, queria retê-lo em mim, como se assim eu pudesse guardar os momentos bons, os sentimentos, as sensações que compartilhamos. Sou apegada, tenho muito dificuldade em dizer adeus. Não porque não posso viver sem você, isso eu posso e faço, diariamente, há algum tempo escolhi que assim era melhor. Não digo adeus por gostar de saber de você, gosto de saber que em algum lugar do mundo você está. E o simples fato de saber que eu algum lugar do mundo você vive, respira, ama, e é feliz, me deixa feliz. Faz com que o mundo seja um lugar melhor para mim também. Acho que por isso mantenho um laço, um fio, uma conexão. Resolvi que não quero mais isso, não quero mais olhar para trás, não quero mais ouvir músicas que me lembrem uma vida que eu escolhi não viver. Eu escolhi, escolhi todos os meus caminhos e você não estava lá. E por não saber dizer adeus eu esperei que você dizesse, mas você nunca disse, partiu algumas vezes, voltou inúmeras, sem nunca dizer adeus. Eu sei, você também não podia. Gostava também de saber que eu estava aqui, no mesmo mundo que você, mesmo sendo mundos tão diferentes, dimensões que habitamos. Cruzamos nossos caminhos algumas vezes, outras apenas nos tocamos de longe, algumas vezes valeu a pena, como naquele dia que você me consolou e me pegou no colo enquanto eu chorava. Talvez aquele momento justifique tudo, justifique o que escolhemos. Eu não quero mais fantasmas na minha vida, não quero mais alguém me assombrando. Não quero mais tentar entender, nem desvendar nossa conexão, nem entender porque nunca conseguimos dizer adeus. E por isso, sou eu que digo adeus. Digo por você que não consegue, por você que não sabe como fazê-lo e por você que quer partir e me fez uma promessa. Por todos vocês hoje eu digo adeus. Quero a leveza de não olhar para trás, de mirar para frente sem receio do que vou deixar de ver por não olhar para trás. Há muita vida pela frente, vida que não quero mais compratilhar com você, de forma alguma, nem por palavras, nem por espasmos de arremedo de comunicação. Não quero mais reter ninguém na minha vida, acredito na liberdade e no direito absoluto de ir, ir quando bem se entende, ir. Não foi tarde para dizer adeus, acho que nunca é. Adeus!

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