sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Meu desejo de paz!

Tem dias que não consigo me conter, no sentido de estar contida em mim mesma, não caibo, sobra alma no corpo, falta calma, transborda. Queria exorcizar de mim o grande amor, o amante e o amigo, o emprego que não foi, o dom que não cala, a palavra que não diz. O vazio que não acaba, a paz que nunca chega. Queria exorcizar essas dores crônicas que por costume não se sabe mais viver sem. Queria fechar o olhos e não pensar, queria dormir e não sonhar. E logo eu que nunca escrevo em primeira pessoa, minhas palavras na boca alheia, para que eu, alheia a tudo isso, possa usar sua boca para encontrar a minhas palavras. Palavras definitivas para esvaziar a alma. Mas enquanto minha alma transborda a boca sussurra nos ouvidos alheios, aos olhos alheios, meu desejo de paz.

7 comentários:

R. disse...

Tem um exorcimo perfeito que recomendo: violão. Se não sabe tocar, aprende ó. Pros momentos alegres ou tristes...

Quem canta comigo
Canta o meu refrão
Meu melhor amigo
É meu violão
Meu melhor amigo
É meu violão

Já chorei sentido
De desilusão
Hoje estou crescido
Já não choro não
Já brinquei de bola
Já soltei balão
Mas tive que fugir da escola
Pra aprender a lição

Quem canta comigo
Canta o meu refrão
Meu melhor amigo
É meu violão
Meu melhor amigo
É meu violão

O refrão que eu faço
É pra você saber
Que eu não vou dar braço
Pra ninguém torcer
Deixa de feitiço
Que eu não mudo não
Pois eu sou sem compromisso
Sem relógio e sem patrão

Quem canta comigo
Canta o meu refrão
Meu melhor amigo
É meu violão
Meu melhor amigo
É meu violão

Nasci sem sorte
Moro num barraco
Mas meu santo é forte
O samba é meu fraco
No meu samba eu digo
O que é de coração

Quem canta comigo
Canta o meu refrão
Quem canta comigo
Canta o meu refrão
Meu melhor amigo
É meu violão
Meu melhor amigo
É meu violão...

a calma alma má disse...

Clarice,
As vezes sinto-me transbordar
E espero esse momento passar
Para que eu volte caber
Em mim mesma.
Assim desapercebida.
Te vejo, tão eu, tão diferente de mim.
Onde te encontro?

Luisa disse...

'só me encontro quando de mim fujo'

beijo.

Poeta Mauro Rocha disse...

Espero que a paz chegue como esses textos tão densos e maravilhosos.

Um abraço!!

Welker disse...

Este foi o desabafo mais interessante que já li em meus poucos anos de existencia... só pra constar, considere isso como um elogio, tá?

Clarice disse...

R, larga logo o direito e vai viver de violão. Melhor exorcismo acho que não há. Não toco, sou apenas tocada por ele.

Alma, ultimamente fazer caber é um desafio constante ... saudades do`ce!

Luisa, e eu nem assim (risos!!), mas felizmene vejo uma luz no fim do túnel.

Poeta, eu também espero e que venha a paz tão desejada...

Welker, obrigada, considero um elogio e fico lisonjeada.

Anônimo disse...

'Diálogo ou monólogo?'


--Mas se vc não se sente capaz de amar sem precisar entender, nem mesmo de dar um abraço apertado ou um beijo sincero ao se despedir da figura, com a cara já lavada e os cabelos de novo alinhados, de chamar pra uma Coca e ir lá sem pensar em nada, em absolutamente nada, e sair de lá menos sozinho...
por que insiste em provocar? sai fora dessa, provoca outras. Essas outras tantas, de caras
e bocas, de unhas vermelhas, de salto alto, meia de rede e cinta-liga. Deixa a caipira em paz. Vai por mim. Se Deus não existe pra te compensar a boa ação, as estrelas não vão te faltar...

--Provoco pq é meu papel. E tb, vou dizer a verdade, pq eu gosto. E pq me vê quem quer. E pq atentar é tentar. E pq só assim vou saber quem está morto ou vivo.

--Vc tá enganado. Vai por mim. Nem sempre quem te responde tá vivo. Os que silenciam nem sempre
são mortos-vivos, fantasmas ou covardes ou espiões escrotos. Alguns apenas já não têm motivo pra entrar no tumulto. Se tentam, por ternura, desejo ou amor a alguém, se arriscam a perder o pouco equilíbrio que conseguiram aprender a ter, a reviver uma dor que talvez vc não conheça. Que talvez já não suportem uma vez mais. Que não se deseja pra ninguém.

-- Sei. Que mais? Dá pra ser mais direta essa coisa que tu fala e não diz nunca?

-- Mais nada. Li isso aqui agora há pouco e bate direitinho com o que stou tentando te dizer.

"Estive doente
doente dos olhos, doente da boca, dos nervos até.
Dos olhos que viram mulheres formosas
da boca que disse poemas em brasa
dos nervos manchados de fumo e café.
Estive doente
estou em repouso, não posso escrever.
Eu quero um punhado de estrelas maduras
eu quero a doçura do verbo viver"

-- de um louco anônimo, citado no 'O Ovo Apunhalado', do C.F.Abreu

abs
Clara