quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Nas pessoas.

Ela estava no meio da multidão. Depois de tanto tempo resolveu deixar seu exílio e de novo misturar-se às pessoas. As mesmas pessoas que ela evitou, desprezou, esnobou e finalmente, abandonou. Está certo, não são exatamente as mesmas, estão representadas, mas como na massa não há distinção, achava que serviam. Há na massa de corpos o calor, o cheiro e as palavras comuns. Esse conceito absurdo que a coloca acima da multidão é algo que ela mesma despreza, mas tem que confessar que julgava correto. Existe um ingrediente comum em toda essa gente, o mesmo que os iguala, o mesmo que ela detesta. Detesta iguais na mesma medida que os ama. É capaz de amar e odiar o mesmo objeto, no mesmo tempo e por razões díspares. Sente muito cansaço desses joguinhos, dessas caras e bocas tão comuns (e úteis) da multidão. Por isso preferiu o exílio, preferiu observar. O tempo passou e ela entendeu, que exatamente o que ela despreza é o que faz das pessoas, pessoas! Assim como ela, uma pessoa. E a diferença tão difícil de observar na massa pode ser observada, mesmo a olho nu, com um simples passo. E nesse momento existem dois tipos de pessoas: as que correm com um simples passo seu e as que ficam para rir da sua cara. É óbvio, quais pessoas ela prefere.

3 comentários:

Anônimo disse...

é uma boa teoria essa sua, Clarice. Teorias de gente inteligente são quase sempre boas de ler. Dos gênios, então, nem se fala. Não sei se foi Da Vinci (acho q foi sim, um dia checo e te confirmo, se ainda me lembrar quem é vc, não é mesmo...) que chegou a uma porção de conclusões teóricas sobre o funcionamento dos órgãos e sobretudo do CORAÇAO humano. Como era genial, acertou pra caramba, percebeu coisas que nem se imaginava antes dele. Mas também errou muito, criou modelos que na teoria eram perfeitos para DEFINIR o coração (há quem use modelos lógicos para definir pessoas, sentimentos. Creio que Leonardo nunca faria uma coisa dessas...) que mais adiante se descobriu serem coerentes, porém falsos. Um bom teórico em fisiologia poderia explicar isso legal, alguém um dia me explicou, mas guardei a apenas a idéia geral, não sou fisiologista, sabe... penso aqui com meus botões, de quem vive entre os gênios e a massa, que o mesmo valeria pra tanta coisa. Mas vc tem bons olhos, Clarice. Olhos de ver a beleza a poesia dos pares/ímpares e tb de decupar cadáveres, como fez lá atrás o genial Leonardo. Só que como lembrou hoje um sujeito que poderia ser meu amigo, mas nunca quis, Leonardo trabalhava bem menos decupando cadáveres do que usando a sua sensibilidade para perceber a vida... a vida, Clarice.

Bom Natal pra ti!
E feliz ano novo, tb.

Poeta Mauro Rocha disse...

Gostei, gostei mesmo!!!!

Clarice disse...

Anônimo, um pena não ter se indentificado, adoraria falar com vc sobre essas teorias, tenho várias...

Poeta, que bom que gostou, veio das profundezas... (risos!)