quarta-feira, 23 de julho de 2008

Ponto Final

Dias desses ela saiu por ai a visitar-se. Estranho visitar sentimentos que já não sente mais. Sentimentos seus, que hoje parecem alheios. As palavras têm esse poder, eternizar o momento, o segundo, o exato momento daquele sentir. Mas ela era um ser volátil, sentia intensamente, alma, coração, corpo. E deixava de sentir na mesma proporção, diretamente proporcional. Ao visitar as palavras deixadas aqui ela percebeu que já não sentia. Seu primeiro impulso foi de apagá-las, não deixariam vestígios, iriam dóceis como se nunca tivessem existido. Palavras-flores, efêmeras. Mas achou que não poderia fazê-lo. E se fossem palavras-chaves? Saída. Poderiam abrir algumas portas, mesmo que ela ainda não soubesse que portas eram essas. Quando a chave está pronta a porta aparece, pensou em meio a gargalhadas. Pobre mestre que a tem como aprendiz! Decidiu-se por não mais, em tempo algum, desperdiçar suas palavras. Tudo que havia para ser dito já fora, mesmo que nunca tivesse sido lido, ouvido, compreendido. Às vezes a função da palavra é só e exclusivamente ser dita e ponto final.

9 comentários:

Poeta Mauro Rocha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Poeta Mauro Rocha disse...

Ola!! Desculpe a ausência, mas estou num projeto ai o tempo ficou pequeno,rsrssr, mas obrigado pela visita.Esse texto é muito bonito e "às vezes a função da palavra é só e exclusivamente ser dita e ponto final"Seu texto com um final sublime e leitura saborosa, tenha um ótimo fim de semana e obrigado mais uma vez pela visita.srsrsrsr ninguém entendeu a primeira estrofe do poema "Estrangeiro" era um aviso de pausa.

Um abraço!!!

Anderson Meireles disse...

Esse texto me fez lembrar uma frase que é a versão oriental do que conhecemos como "Não jogar pérolas aos porcos", que é mais ou menos assim: Nunca mostre sua poesia para um não-poeta.
Belíssimo texto,
um abraço!

Ravnos disse...

Gostei do final, bem direto. Gostei mesmo.

Um beijo e uma @},----

Clarice disse...

Poeta, muito obrigada pela visita, já estava sentindo falta dos seus comentários. Tenho que confessar, nunca fui muito bem em interpretação de texto na época da escola (risos!), mesmo em terra estrangeira continue dando as caras por essa janela!

Anderson, teimo em acreditar que todo mundo tem um pouco de poeta da alma, pena não ser sempre verdade. obrigada pela visita.

Ravnos, que bom que gostou. Deve ser boa a sensação de já ter dito tudo e ponto final. Quem me dera ... Talvez um dia eu termine esse blog dessa forma. E.(ponto final)

Heduardo Kiesse disse...

o teu texto me fez lembar que tu existes e eu não sabia. ainda bem que te encontrei :-)

abraços fraternos

Clara Mazini disse...

Palavras-flores. Gostei muito do perfume delas.!

Poeta Mauro Rocha disse...

Ola!! Estou a lhe visitar e também para ler e ler novamente esse texto que é muito bonito, tive uma pausa, estou aproveitando para fazer visitas,srsr

Um abraço!!

Clarice disse...

Eduardo, seja bem vindo. Que bom que encontrou a minha janela, venha sempre visitar-me.

Clara, brisa boa que levou o perfume até você.

Poeta, que bom que aproveitou a pausa para aparecer por aqui. Você é sempre muito bem-vindo.