quarta-feira, 16 de julho de 2008

no ar que respiro

"Adoro elaborar teorias mirabolantes para as coisas que não consigo explicar. Sou muito criativa, além de ter acesso a conspirações e informações de outras vidas. Soma-se a isso o ar que respiro quando estou aqui, deve ser um ar diferente. Olho para céu e vejo a mesma lua que você vê. É exatamente a mesma. As coordenadas não mudam, habitamos o mesmo paralelo, a mesma latitude (e nesse momento habito sozinha os meus desejos). Olho para o pôr-do-sol, não tem lugar nenhum no mundo como esse. Esse é o meu céu. O céu que costumávamos compartilhar. Acho que estou nostálgica porque estive em uma praça, naquela que tem coreto. Que por tantas vezes tocamos violão, que por tantas vezes tocamos. Respirei fundo, fechei os olhos, quase consegui sentir o ar fresco daquelas noites especiais, quase consegui ouvir seu violão. Quase me vi lá menina com o mundo inteiro para conquistar. Já conquistamos tanto, já andamos tanto, e o quê falta, afinal? Sinto tanta coisa quando estou aqui. Respiro diferente, porque sei que é o mesmo ar que você também respira. Sei que o tempo, o vento, leva e traz, envio sensações. Espero que consigam chegar até aí. Lua cheia, céu sem fim. Eu me entrego para o vento. Ele me leva até você. Quer?"

Ela terminou de escrever, não sabia se teria coragem de enviar, não suportaria o silêncio, apesar de desejá-lo, o silêncio é sempre mais simples. Tão mais fácil de lidar. Olhou pela janela, viu a lua enorme brilhando, lua em leão. Decidiu que iria esperar, logo a lua estaria em libra e ela poderia decidir-se. Por enquanto dançaria nua para a lua, talvez assim seu desejo se fosse e ela poderia dormir em paz outra vez.

4 comentários:

Poeta Mauro Rocha disse...

A lua deve ficar encantada com essa dança!!

R. disse...

A transição da lua, a nudez da dança... Bruxaria, é?
.
Ele diria "sim", certeza.

Bjs!

Anônimo disse...

que noites belas foram aquelas, até escuto o violão...

Clarice disse...

Poeta, e ela encantada com a lua, dança...

R. eu diria: yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!

Jr, welcome back! Olha o poder das palavras... conseguem despertar os sentidos e conduzi-lo com a música. É a arte imitando a vida ou a vida imitando a arte? bjs