segunda-feira, 30 de junho de 2008

O dom.

Ela recebeu o dom da dúvida, da incerteza e do questionamento. Não conseguia como muitas pessoas passar pelos dias sem se questionar. E de tanto questionar-se acabou entendendo. O grande desafio está em fazer ter sentido. Parece um círculo vicioso. Algo como a roda da vida que não tem fim. Assim é também a busca pelas respostas, pelo entendimento, pelo sentido. Never ends. Mas nem sempre foi assim ...
Ela costumava maldizer o dom, o mal-estar causado por ele, essa sensação constante de equívoco. Sua existência, mero acaso. Sensação ácida. Um dia ela entendeu que o mal-estar poderia levá-la a algum lugar. Ela poderia buscar o antídoto. Por algum tempo procurou o antídoto da vida, não a morte como pode-se pensar, mas pelo não-sentir, não-viver, pois viver e sentir estavam tão impregnados de dúvidas que ela quase não conseguia respirar.
Ela fez escolhas, trilhou caminhos longos apenas para chegar ao lado, descidas íngremes, estradas escuras e para seu espanto ao chegar... reconheceu o lugar, perto demais do local de partida.
Consolava-se saber que não voltou sozinha, trouxe bagagem, alquimia necessária para transformar a maldição em dom e assim presentear a vida, não precisava mais do antídoto, já estava curada. Vivia.

4 comentários:

Poeta Mauro Rocha disse...

Dos três dons, o do questionamento é o melhor.Agora lhe questiono: Seria um Dom? ou apenas brincadeiras do Destino?

Um abraço e beijo!!

MAURO ROCHA

:: Daniel :: disse...

É como eu digo: entre o sim e o não, eu prefiro a dúvida. Esse é o meu dom, a minha profissão, minha motivação para questionar e, assim, compreender um pouco desse mundo tão grande.

Beijão! Boa semana!

Cristina Casagrande disse...

Todo dom é um presente. Mas enterrá-lo é uma desgraça.
O bom da dúvida é a busca por respostas...
=)

Clarice disse...

Poeta, dom ou brincadeira do destino? Responda quem for capaz! bjs

Daniel, eu queria não preferir a dúvida, queria a certeza dos passos, da escolha ... mas hoje em dia faço bom uso dela.
Estou ainda encantada com o Gira da Velha Casa.

Cris, que bom que resolveu deixar o silêncio! Concordo com vc, todo dom é um presente e temos que usá-lo.