terça-feira, 17 de junho de 2008

Amantes, amores, necessários e vãos.

Ela era uma grande amiga, talvez por isso também me sentia parte da história, como se formássemos um triângulo, mas só ela sabia de mim. Ele era solteiro, ela casada. Eram amantes, por se amarem, não pela conotação sexual que a palavra imprime em qualquer relação. Acho que era uma daquelas relações que ainda não se inventou uma palavra para explicar. Ela se apaixonou por ele, ele se apaixonou por ela. Eles tentaram viver essa paixão clandestina, em vão. Na verdade acho que eles eram namorados, no sentido mais antigo da palavra, mais terno, mais bonito. Ele despertava nela seu lado mais verdadeiro, ela despertava nele uma enxurrada de sentimentos, ele se sentia feliz com ela, e com ela era o homem mais feliz do mundo. Sem ela, era só ele mesmo, tentando ser. Se sentia muito sozinho quando ela voltava a ser a mulher casada. Ela vivia uma vida dupla, como se houvesse duas pessoas dentro dela, cada uma ostentava um estado civil e principalmente, um estado de alma. Ela sofria muito por isso, sofria por amar loucamente esse seu lado clandestino e sobretudo, sofria por não ter coragem de partir. E eu, torcia por eles, torcia por ela e ficava triste por vê-la assim. Certos dias, mais leves, em que ela conseguia driblar a outra, a casada, seus olhos brilhavam, e ela toda reluzia, dádivas das grandes paixões. Ele era capaz de pequenos presentes secretos, encantadores, até hoje ela ainda encontra no meio de seus coisas, vestígios deles. Uma vez, ela me mostrou, ele deu a ela seu próprio mapa astral e rabiscou a mão o 13º planeta, só para inclui-la. Bonito de ver. Mas, um dia, eles desistiram, cansaram de fugir dos outros, que eram eles mesmos. E cada um foi viver a sua vida. E eu fiquei aqui para contar essa história.

5 comentários:

Poeta Mauro Rocha disse...

Num triângulo amoroso, alguém tem que contar a hist´ria,rsrsr.Se é verídico não sei, mas que é interessante esse texto, disso tenho certeza.

Ravnos disse...

É, triangulos amorosos não foram feitos para durar... sempre tem finais de certa forma tristes.

Bonito texto.

Um beijo e uma @},----

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Clarice disse...

Poeta, acredito que a arte sempre imita a vida. Ou é a vida que imita a arte? (rs)

Ravnos, não acredito sempre em finais felizes ... às vezes a tristeza traz entendimento. Beijos!

Anônimo disse...

que pena, torci muito por eles...