domingo, 6 de fevereiro de 2011

Perdão.

"Preciso ficar quieta um pouco, cansei de falar demais, explicar demais, justificar demais, contextualizar, verbalizar, exemplificar, cansei de teorias que invento para mim mesma. Cansei das palavras..."

Foi um impulso, exaustão, cansaço de palavras em excesso. Mas ao reler suas próprias palavras, mal podia acreditar que tivesse escrito aquilo ... Cansei de palavras? Era uma blasfemia. Não se pode cansar de si mesma. Ela era as palavras. Mas o excesso estava lhe causando mal. Entendia agora o que desejava. Desejava ser simples, não burra, simples.
Sentimentos simples, teorias simples. Queria olhar e ver com simplicidade. Estava cansada de justificar seus atos, explicar seus desejos, traduzir em palavras para os outros o que nem ela mesma entendia. Queria a simplicidade pura - quero, não quero, sim, não, talvez - sem ter que explicar, justificar, verbalizar ... a vida, o dia a dia, e até, ousava dizer, os desejos, são simples.
Ela com suas palavras em excesso é que estava complicando. Não era necessário entender tudo, colocar legendas, traduzir para o idioma dos outros o que nem ela mesma entendia. Ela só precisava viver - sim, lógico, com as palavras - mais tudo na medida certa. Viver, caminhar, tomar decisões, fazer mudanças, sem legendar cada passo. E assim, por entender, em meio as palavras exatas, é que ela pedia perdão por dizer que estava cansada das palavras.

3 comentários:

Poeta Mauro Rocha disse...

Tem hora que cansa, mas o bom é que a vida é reciclável.

Bjs

Luciana Andrade disse...

Ai como te entendo....

Daíse Lima disse...

Eu sei exatamente como é isso...