Ao abrir os olhos ela já percebeu. A luz não a inundou, ela pediu licença e lentamente iluminou. O ar parecia uma carícia, brisa mansa, suave feito bruma. As pessoas pareciam felizes, ela lembra de ter pensando nisso enquanto caminhava, as pessoas sorriam e diziam bom dia. E o dia ouvia e por gostar do que ouvia foi aos poucos se transformando. E todos os sons ouvidos eram música e todas as notícias eram boas, e o tempo não corria, andava e sorria. Naquele dia, os deveres eram fáceis, os chefes bons, os prazos razoáveis. Ninguém brigou, ninguém faltou, ninguém se foi.
Ela sabia que o tempo da delicadeza estava só começando.
4 comentários:
Seria essa a insustentável leveza do ser?
Um ótimo texto!!
entre/sonhos
...estava deitada na
cama de solteiro,
não estava sozinha
no quarto, mas parecia
q sim. Amanhecia.
Sonhava. Naquele estado
entre o sono e a vigília.
Assustada, uma energia andando
por todo o corpo, se
espalhando, parecia
pura eletricidade.
Abria portas depois de outras
portas, uma, duas, três
portas abertas depois de outras tantas portas. Alguém a perseguia. A sensação era a de precisar fugir, medo misturado com um sentimento estranho, talvez de não estar preparada para aquilo, para ser alcançada (talvez) por uma outra natureza, diferente da sua. Alcançou, ela mesma, o trinco da porta, que parecia a última. Mas, engraçado, não sabia o gesto para mover o trinco. Não sabia. Não tinha a menor idéia, tentava gestos habituais, mas não funcionavam. Era como ter esquecido de repente como é
que se respira. Algo ou alguém (externo) a orientou, bastava mesmo um gesto simples, fez, pronto, a porta se abriu. Diante dela, um umbral, um arco sem porta ou portão que dava para uma grande sala mergulhada em penumbra. Luz fraca, esverdeada, uma figura sentada (um iogue?), a silhueta dele apenas. Era pra entrar e olhar pra ele. 'Ainda não', disse uma voz dentro dela, nesse momento com muita, muita serenidade. Acordou. Amanheceu.
(escrito/18/setembro/08 & sonhado umas três semanas antes)
clara
abs
resta a mim saber, se é úm estado onírico ou é devaneio...
beijos daqui...
Poeta, acho que é a insustentável leveza no ser no tempo da delicadeza ... (risos!)
Clara, é incrivel a atmosfera dos sonhos, os contornos, as sensações, as portas e as mensagens. Espero que a hora chegue e que a voz diga: Agora sim, pode entrar e olhar.
Camilinha, espero que um dia seja a realidade, repleta de delicadeza. bjs
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