Será que ele realmente havia deixado de habitá-la?
Viveram por tanto tempo juntos que agora ao se perceber sozinha não sabia mais quem de fato era. Sabia de quem fora, de tudo que poderia ter feito por tê-lo com ela, e não fez. Restava a fraca convicção do que fez, construiu, realizou. Fragilidade era a palavra mais adequada. Adequada para ontem e para hoje. Qual seria a de amanhã?
Não havia se levantado ainda. Com que pés deveria tocar o chão frio? O coração bateu depressa, era o seu coração que batia, disso tinha certeza. Se não fosse assim, feito por ele, sabia que jamais seria. Ela jurou que estariam sempre juntos. Ela era o corpo, a alma. Ele todo o resto.
Respirou fundo. Levantou-se devagar.
Algo chamou sua atenção.
Ele dormia.
Estava ali.
O resto todo estava salvo.
3 comentários:
Ola!! Ausente de si mesmo, gostei e lembrei de uma citação de Clarice Lispector:
"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."
"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."
Bom retorno
Um abraço!!
Tenho pra mim que nunca um deixa de habitar o outro totalmente...
Posso estar errado, e na verdade, espero que esteja. Pq isso causa tantos problemas, rs...
Um abraço!
Poeta, a Clarice sabia de tudo, maravilhoso, obrigada pela citação.
Anderson, torço para que vc esteja certo! bjs
Postar um comentário