domingo, 6 de maio de 2012
Se eu fosse esperta.
Escrevi mil palavras imaginárias, ou imaginei mil palavras escritas. Mas mesmo assim, não consegui explicar. Depois de tanto tempo, se eu fosse realmente esperta, como você acha que sou, eu já teria parado de tentar, explicar é perder tempo. E tempo, não temos. Se a Sapucaí é grande, a vida, não é. E o tempo urge. Feito areia escorrendo. Feito folhinha rabiscada, feito estação passando, do calor ao frio, flores, folhas, do calor ao frio, flores e folhas e assim, até o fim. Não o nosso. O nosso é só o começo, porque nunca deixou de ser. Mudou, lógico. Mas é o começo, contrariando a ordem: muda-se, porque passa. O tempo passa, mas não muda. Ainda somos os mesmos. Os mesmos dos olhos, das mãos, do vestido branco, do cachecol azul ou verde, nunca sei. Ainda somos os mesmo, da chuva, dos vagalumes, das folhas, do bosque. Do coração que canta. E quando você canta, eu, coração, inteira. Os mesmos que almas falam, almas veem, almas. E corpo, um só. Almas. Corpo. Se eu fosse esperta, como eu acho que sou. Não estaria aqui. Desse lado. Estaria ai. Dentro.
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