sexta-feira, 20 de junho de 2008

Por escolha!

Ela não tinha sido clara, mesmo achando que sim, ela disse o que não devia e por equívoco, ato falho ou maldade, não disse o que deveria dizer. Não poderia aceitar as ditas pelas não ditas, não era justo essa troca. Ela não queria matar ninguém, não era do seu feitio, nem nas sessões de psicanálise quando o terapeuta freudiano citou sobre os benefícios de se matar seus progenitores, ela não foi capaz. A lâmina (bendita? maldita?) se destinava ao fio, aquele que os unia, que só eles conseguiam ver, sentir. Apesar de invisível a olhos desavisados era feito de fibra resistente, nada até hoje foi capaz de rompê-lo, apesar das tentativas.
Saber que do outro lado estava ele, era para ela um alento. Saber que ele habitava o mesmo mundo que ela, era de fato reconfortante. Mesmo quando seus sentidos, cinco formas de sentir, cinco formas de dizer, gritavam o contrário, ela sabia que ele continuava lá. Mas como tudo, existia o lado avesso, o lado que se sentia preso àquela história, o lado que queria partir, voar, viver livre. E foi esse lado que caminhou decidido. A ruptura não era ruim, a partir de agora eles seriam livres, até para continuar sendo, por escolha.

3 comentários:

Camilinha disse...

é um dilema e tanto este aí...

deixar partir, partindo-se...


beijos daqui...

Poeta Mauro Rocha disse...

"Cinco formas de sentir" e escolher a liberdade, isso é profundo ainda mais quando escrito por Clarice...

MAURO ROCHA

Clarice disse...

Camilinha, talvez partir-se seja tb uma forma de encontrar-se. Obrigada pela visita, volte sempre. bjs

Poeta, devemos ser realmente infinitos para caber tanto sentir. Ou isso é só pretensão?