segunda-feira, 23 de junho de 2008
A menina e o vento.
Escuridão. Ela não via nada, nem seus próprios contornos eram visíveis. Não sentia medo, apesar de se saber sozinha na maior escuridão que já presenciou. Olhou para baixo,não via, mas sabia que o penhasco estava ali, poucos passos a separavam da queda. Deu um passo, lento, curto e gritou: Onde eu estou? Que lugar é esse? Tem alguém aqui? Sentiu um arrepio na nuca. O vento aumentou, sentia seus cabelos longos dançarem. O corpo dançou também. E quanto mais dançava, mais leve se sentia, a escuridão já não importava estava com os olhos fechados dançando na beira do penhasco. Seu corpo formigava e os calafrios lhe davam prazer. O vento a envolvia, com mãos rudes, ternas, furiosas e macias. O vento percoria todo seu corpo, suas pernas, sua coxas, a brisa mais mansa brincava embaixo da sua saia, subia pelo umbigo, levantava a blusa e a beijava no pescoço. Arrepios. Bastava um pequeno passo e poderia abandonar-se. O vento faria a sua parte, ela não o temia mais. Ventou. O vento bangunçou de novo seus cabelos, levou seus pensamentos, gostou. E depois? Só silêncio e escuridão. O vento parou.
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4 comentários:
Uia!
Misteriosamente sensual. Gostei muito.
Beijos!
A menina, o vento e o silêncio, pois um dia todos encontramos a escuridão.Muito bom seu texto.Muito mesmo.
MAURO ROCHA
R. que bom que voltou. O texto foi bom de escrever tb.
Poeta, e o melhor é a escuridão não dar mais medo. Obrigada, bjs
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