sexta-feira, 1 de junho de 2012

Carta no meio da Jornada

Dear,
Eu sei que não prometi que escreveria, não fizemos promessas quanto a isso durante essa viagem maluca. Nem cheguei ainda. A jornada é longa. O caminho nem sempre é fácil, nunca achei que seria, mas muitas vezes me pergunto o que estou fazendo aqui sozinha. Meus olhos estão diferentes, consigo ver coisas lindas, outras nem tanto. Tenho vontade de compartilhar detalhes que só você entenderia, como o cheiro que eu senti no meio do nada ontem,  ou a cor que resolvi pintar as unhas, o trecho do livro que eu queria ler mil vezes em voz alta, detalhes sem importância, mas que eu queria que você soubesse. Tenho sonhado muito, sonhos estranhos, sonhos com bocas sendo beijadas, acordo assustada, refaço o caminho, me desmancho no lençol até entender que é só um sonho ruim. Mas, e a vida, não é?
Essa noite não dormi, tive insônia, vaguei pela casa, dormi já clareando, acordei com o dia cinza e triste. Não poderia refletir melhor o que tenho por dentro. Não, a jornada não está sendo triste, não pense assim.  Mas está sendo extremamente dificil, dolorida, mas, e a vida, não é?
Tenho certeza que um dia de caminhada e uma boa noite de sono irão desfazer essa sensação e a próxima carta será mais feliz. Não vou fazer promessa. Não fizemos promessa quanto a nada nessa viagem maluca.
Fique com meu amor,
C.

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