segunda-feira, 7 de julho de 2008

A Cor da cor.

Ela acordou cedo, queria ver a cor do céu no terceiro minuto da aurora. Coisas de poeta, ela pensou. Mas não deixava de ser intrigante. Colocou o despertador para acordá-la, antes verificou naqueles sites de tempo o horário exato do nascer do sol, a precisão era necessária, caso contrário nunca saberia se a cor encontrada era a mesma que o poeta descrevia. Não queria subjetividade, afinal, era assunto de extrema importância. Precisava saber de que cor pintar-se.

6 comentários:

R. disse...

O que o poeta quer dizer
no discurso não cabe
e se o diz é pra saber
o que ainda não sabe.

Uma fruta uma flor
um odor que relume...
Como dizer o sabor,
seu clarão seu perfume?

Como enfim traduzir
na lógica do ouvido
o que na coisa é coisa
e que não tem sentido?

A linguagem dispõe
de conceitos, de nomes
mas o gosto da fruta
só o sabes se a comes

só o sabes no corpo
o sabor que assimilas
e que na boca é festa
de saliva e papilas

invadindo-te inteiro
tal do mar o marulho
e que a fala submerge
e reduz a um barulho,

um tumulto de vozes
de gozos, de espasmos,
vertiginoso e pleno
como são os orgasmos

No entanto, o poeta
desafia o impossível
e tenta no poema
dizer o indizível:

subverte a sintaxe
implode a fala, ousa
incutir na linguagem
densidade de coisa

sem permitir, porém,
que perca a transparência
já que a coisa ë fechada
à humana consciência.

O que o poeta faz
mais do que mencioná-la
é torná-la aparência
pura — e iluminá-la.

Toda coisa tem peso:
uma noite em seu centro.
O poema é uma coisa
que não tem nada dentro,

a não ser o ressoar
de uma imprecisa voz
que não quer se apagar
— essa voz somos nós.

(Ferreira Gullar)

Ravnos disse...

Desculpe a demora em demasia Clarice...
Espero que esteja bem, e que não esteja pintada de uma cor triste.
Não combina com a senhorita.

Um beijo e uma @},----

Poeta Mauro Rocha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Poeta Mauro Rocha disse...

Da cor do coração que pode se tornar paixão!!

MAURO ROCHA

Camilinha disse...

Seria bom se a gente pudesse sair de arco-íris... e por que não?



beijos daqui...

Clarice disse...

R. não conhecia esse poema, gostei muito, me senti pertencendo, me senti com voz. O amor realmente está no ar. Que bom!

Ravnos, nada de tristeza, cores felizes, sempre.

Poeta, amém!

Camilinha, vamos vestir o arco-iris então?